Um grupo de 27 organizações religiosas, incluindo igrejas e sinagogas, entrou com um processo judicial contra o governo dos Estados Unidos nesta terça-feira (27), alegando que a política de envio de agentes do Serviço de Imigração e Controle de Alfândegas (ICE) a templos religiosos tem espalhado medo entre os fiéis e reduzido a frequência às igrejas.
A ação foi movida em uma corte federal no estado de Washington e argumenta que a diretriz imposta pelo então presidente Donald Trump viola o direito à liberdade religiosa, impedindo que igrejas e sinagogas ofereçam apoio a imigrantes, incluindo aqueles sem documentos legais. Segundo os líderes religiosos envolvidos, a medida compromete o princípio de livre congregação e ameaça a prática de sua fé.
“Nós temos imigrantes, refugiados, pessoas documentadas e indocumentadas,” afirmou o reverendo Sean Rowe, bispo da Igreja Episcopal. “Não podemos congregar livremente se alguns de nós estiver vivendo com medo.” Rowe destacou ainda que a ação judicial busca garantir que as instituições religiosas possam continuar cumprindo seu papel humanitário e espiritual sem interferências governamentais.
Governo Trump defende a medida
O Departamento de Segurança Nacional e suas agências responsáveis pelo controle imigratório, incluindo o ICE, foram citados no processo. Em resposta, a secretária assistente de Relações Públicas da Segurança Nacional, Tricia McLaughlin, afirmou por e-mail que a política visa proteger escolas, locais de culto e seus frequentadores, evitando que “criminosos estrangeiros utilizem esses espaços como refúgio seguro”.
Para McLaughlin, a permissão para que o ICE atue dentro de igrejas e escolas “dá aos agentes a habilidade de fazer seu trabalho com eficácia”. No entanto, ela garantiu que os oficiais usarão “bom senso” ao decidir quando e como conduzir operações nesses locais.
Caso emblemático citado no processo
Embora ainda sejam poucos os casos documentados de imigrantes presos dentro de templos religiosos, o processo cita um episódio ocorrido com Wilson Velásquez, um imigrante hondurenho que chegou aos Estados Unidos em 2022 com sua esposa e três filhos. Velásquez frequentava uma igreja presbiteriana em Atlanta, na Geórgia, onde ajudava na parte musical. Mesmo comparecendo regularmente às checagens do ICE e usando uma tornozeleira eletrônica, ele foi detido dentro da igreja, sob a justificativa de que agentes estavam rastreando indivíduos monitorados eletronicamente.
A ação movida pelas instituições religiosas busca impedir que novas operações como essa aconteçam e garantir que locais de culto continuem sendo espaços seguros para todos os fiéis, independentemente de sua situação migratória.