Imigrantes em desespero após EUA cancelarem entrevistas de asilo na fronteira com o México

Tijuana, México – A fronteira sul dos Estados Unidos tornou-se palco de cenas de desespero nesta segunda-feira (20), após a administração do presidente Donald Trump cancelar milhares de entrevistas de asilo previamente agendadas. A medida faz parte de uma série de mudanças na política de imigração anunciadas por Trump em seus primeiros dias de mandato.

O aplicativo CBP One, usado para agendar as entrevistas, foi retirado do ar. Migrantes que aguardavam ansiosamente por suas consultas foram surpreendidos por uma mensagem no aplicativo informando que os agendamentos não eram mais válidos.

Entre os milhares de afetados está Nidia Montenegro, de 52 anos, que fugiu da violência e da pobreza na Venezuela. Depois de sobreviver a um sequestro no sul do México, ela chegou a Tijuana no domingo, com a esperança de se reunir com seu filho de 24 anos, que vive em Nova York. Com lágrimas nos olhos, Nidia expressou sua decepção: “Não, Deus, não. Eu não acredito.”

Esperança destruída na fronteira

O choque e o desespero dominaram abrigos ao longo da fronteira. Em Ciudad Juarez, na fronteira com El Paso, no Texas, e em Piedras Negras, oposta a Eagle Pass, imigrantes também enfrentaram a dura realidade do cancelamento. Muitos, com mochilas e cobertores, sentaram-se encostados em paredes, tentando descobrir como seguir em frente.

Margelis Tinoco, da Colômbia, que viajava com seu marido e filho, também teve sua entrevista cancelada. Ela tentou explicar a situação ao filho de 13 anos: “Acabou. Eles bloquearam.”

Em Tijuana, Nidia Montenegro continuava em choque. Apesar das notícias de cancelamentos e barragens na fronteira, ela insistia: “Eu vou à minha entrevista.”

Mudança de postura no governo Trump

O cancelamento das entrevistas de asilo é uma das primeiras medidas da nova administração Trump, que prometeu endurecer as políticas de imigração. Durante sua posse, Trump anunciou o envio de tropas para reforçar a fronteira com o México e aumentar as deportações de imigrantes ilegais.

A decisão, porém, deixou milhares de pessoas em um limbo. Imigrantes que já enfrentaram jornadas arriscadas para fugir de situações de violência, pobreza e instabilidade agora se veem presos em cidades estrangeiras, sem perspectivas claras sobre o futuro.

O impacto humanitário

O caso de Nidia Montenegro reflete o impacto devastador da medida. Após fugir da Venezuela e sobreviver a um sequestro, ela chegou à fronteira com esperança de um recomeço. Agora, encontra-se presa em Tijuana, distante tanto de sua terra natal quanto de sua nova vida sonhada ao lado do filho nos Estados Unidos.

“Hoje minha vida recomeça”, disse ela antes de receber a notícia do cancelamento. Agora, sua frase ecoa como um lembrete amargo do que poderia ter sido.

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