A inflação de fevereiro nos Estados Unidos não trouxe alívio para as perspectivas de política monetária, o que mantém o Federal Reserve (Fed) em um cenário de cautela em relação à condução dos juros, de acordo com o economista-chefe da Nomad, Danilo Igliori. O Índice de Preços de Gastos com Consumo Pessoal (PCE), divulgado nesta sexta-feira (28), mostrou que a inflação subiu 0,3% em fevereiro e registrou um aumento de 2,5% nos últimos 12 meses, alinhando-se com as expectativas do mercado.
No entanto, o núcleo da inflação (que exclui alimentos e energia) superou as previsões e acelerou para 0,4%, chegando a 2,8% ao ano. A composição do índice mostrou que tanto a inflação de bens quanto a de serviços aumentaram na média móvel trimestral anualizada, o que preocupa os analistas sobre a resistência da dinâmica inflacionária.
Igliori destaca que essa alta reflete as dificuldades que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) tem enfrentado no processo de desinflação, conforme discutido nas últimas reuniões. A semana passada trouxe mais uma decisão do Fed de manter a taxa de juros inalterada na faixa de 4,25% a 4,50%, o que demonstra a complexidade do cenário econômico.
O economista aponta que, além disso, a resistência inflacionária ocorre mesmo antes de qualquer impacto das tarifas de importação anunciadas pelo ex-presidente Donald Trump, o que adiciona uma camada de incerteza à economia americana.
O quadro econômico nos EUA continua a mostrar resiliência, mas a questão central agora é até quando esse cenário será sustentável. Segundo Igliori, o modo “compasso de espera” deve prevalecer por mais um tempo, à medida que o Fed monitora os riscos altistas para a inflação.
Em uma linha semelhante, a economista da ASA, Andressa Durão, espera que o Fed adote uma postura cautelosa diante dos riscos inflacionários, o que deve manter a taxa de juros inalterada nas próximas reuniões. Durão acredita que os riscos relacionados à inflação ainda são mais significativos do que os riscos para a atividade econômica, e que o Fed projetou apenas dois cortes na taxa de juros para este ano.
Com isso, o cenário permanece de grande atenção para as futuras decisões do banco central dos EUA, enquanto a inflação ainda apresenta desafios para o controle econômico no país.