A inflação nos Estados Unidos, medida pelo índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), encerrou 2024 com alta anual de 2,9%, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (15) pelo Escritório de Estatísticas do Trabalho. Em dezembro, o indicador subiu 0,4%, puxado principalmente pelo aumento no custo da energia.
Destaques do Relatório
O custo da energia registrou um salto de 2,6% em dezembro, com a gasolina subindo 4,4% no mês. O preço dos alimentos também teve alta, embora mais moderada, de 0,3%.
O núcleo do CPI, que exclui os preços voláteis de alimentos e energia, apresentou um avanço de 0,2% em dezembro, acumulando alta de 3,2% em 12 meses. Esse núcleo foi destaque por registrar um crescimento mensal menor que o esperado, o menor desde julho, segundo analistas.
Contexto Econômico e Projeções do Fed
A meta de inflação do Federal Reserve (Fed), banco central americano, é de 2%, mas a instituição utiliza outro indicador, o índice de gastos de consumo pessoal (PCE), como referência. O último dado do PCE, referente a novembro, apontou uma alta anual de 2,4%, e os números de dezembro serão divulgados em 31 de janeiro.
André Valério, economista sênior do banco Inter, destacou que a desaceleração no núcleo do CPI reduz incertezas sobre futuras decisões de política monetária. “Com o mercado de trabalho ainda robusto, não há urgência para o Fed cortar a taxa de juros em ritmo intenso. Devemos observar uma pausa no ciclo de cortes na reunião de janeiro”, afirmou.
Caminho da Inflação e Políticas Monetárias
A inflação nos EUA atingiu o pico de 9,1% ao ano em junho de 2022, em meio às consequências econômicas da pandemia. Para conter a alta, o Fed iniciou um ciclo de elevações na taxa de juros, que se estendeu por dois anos.
A redução nos juros começou em setembro de 2024, com a taxa caindo para a faixa de 4,75% a 5% ao ano. Desde então, ocorreram novos cortes, e a taxa atual está entre 4,25% e 4,5%. A próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) ocorrerá em 28 e 29 de janeiro, e a expectativa é de que os cortes sejam interrompidos.
Impactos Políticos e Econômicos
A posse de Donald Trump para um segundo mandato como presidente dos EUA, marcada para 20 de janeiro, traz incertezas adicionais ao cenário econômico. Trump prometeu medidas como o aumento de tarifas de importação e a expulsão de imigrantes, ações que podem ter efeitos significativos na economia.
A política monetária americana também tem implicações globais. Juros elevados nos EUA atraem capitais ao país, reduzindo o fluxo de investimentos para mercados emergentes como o Brasil, que enfrentam maiores dificuldades para captar recursos.
Apesar dos desafios, a desaceleração da inflação nos EUA indica que as medidas de controle têm surtido efeito, embora a meta de 2% do Fed ainda não tenha sido alcançada.