O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou alta de 0,56% em outubro, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A inflação foi impulsionada pelo aumento nos preços da energia elétrica residencial e das carnes, levando o índice a um acumulado de 4,76% em 12 meses — acima do teto da meta de inflação do governo para 2024, que é de 3%, com uma tolerância entre 1,5% e 4,5%. No ano, de janeiro a outubro, a alta acumulada do IPCA já soma 3,88%.
Conta de luz e carnes impulsionam inflação
Em outubro, a energia elétrica residencial registrou uma alta de 4,74%, contribuindo com 0,20 ponto percentual para o índice cheio do mês — o maior impacto de um único item. Essa elevação se deve à ativação da bandeira tarifária vermelha patamar 2, o que adicionou R$ 7,877 para cada 100 kWh consumidos.
O preço das carnes também teve forte impacto, subindo 5,81% no mês e representando o segundo maior fator de pressão na inflação, com um impacto de 0,14 ponto percentual. Esse aumento é resultado de fatores como mudanças climáticas, redução no número de animais para abate e aumento das exportações, o que diminuiu a oferta interna. Os cortes que mais subiram foram o acém (9,09%), a costela (7,40%), o contrafilé (6,07%) e a alcatra (5,79%).
Principais grupos que impactaram o IPCA em outubro
Os grupos que mais contribuíram para a alta do IPCA foram:
- Habitação: Alta de 1,49%, impulsionada pela conta de luz;
- Alimentação e bebidas: Alta de 1,06%, principalmente pelas carnes e outros itens como tomate (9,28%) e café moído (4,01%).
Os demais grupos registraram as seguintes variações:
- Artigos de residência: 0,43%
- Vestuário: 0,37%
- Transportes: -0,38% (com queda nas passagens aéreas, que recuaram 11,50%)
- Saúde e cuidados pessoais: 0,38%
- Despesas pessoais: 0,70%
- Educação: 0,04%
- Comunicação: 0,52%
Preços monitorados e inflação de serviços
Os preços monitorados, que incluem itens regulados pelo governo, como energia e gás de botijão, aumentaram 0,71% em outubro, acumulando alta de 6,27% em 12 meses. Já a inflação dos serviços voltou a acelerar, subindo 0,35% no mês. Em 12 meses, contudo, essa categoria acumulou alta de 4,57%, ficando abaixo da inflação geral pela primeira vez desde julho de 2022. A queda nos preços de passagens aéreas (-11,50%) ajudou a desacelerar o setor.
INPC registra alta de 0,61%
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede a inflação para famílias de menor renda e serve de referência para o reajuste do salário mínimo, registrou uma alta de 0,61% em outubro. No ano, o INPC acumula 3,92%, enquanto nos últimos 12 meses a alta é de 4,60%.
Expectativas e cenário para a inflação
A inflação em outubro superou as expectativas do mercado, que previa uma alta de 0,53%. Com o IPCA acumulado em 4,76% em 12 meses, o índice já ultrapassa o teto da meta estipulada para 2024. Especialistas avaliam que os preços de energia e alimentos podem continuar pressionando a inflação nos próximos meses, tornando desafiador o cumprimento da meta do governo.