Um comício de Donald Trump no Madison Square Garden, realizado no último domingo (27), acabou se transformando em um tiro pela culatra para o ex-presidente, que pretendia galvanizar seu apoio. Em vez disso, os comentários racistas feitos por um de seus convidados, o comediante Tony Hinchcliffe, ofenderam a comunidade porto-riquenha e, inadvertidamente, impulsionaram a campanha de Kamala Harris.
Durante o evento, Hinchcliffe se destacou ao descrever Porto Rico, território americano com 3,2 milhões de cidadãos, como uma “ilha de lixo flutuante”. Além disso, proferiu uma série de estereótipos prejudiciais sobre hispânicos, judeus e palestinos. Suas declarações não apenas escandalizaram celebridades porto-riquenhas como Ricky Martin e Bad Bunny, mas também geraram reações negativas entre líderes republicanos que tentaram distanciar o partido de tais comentários.
Ricky Martin, com 18 milhões de seguidores, usou sua plataforma para criticar Trump, escrevendo: “É isso que eles pensam de nós. Vote em @kamalaharris.” Bad Bunny também se manifestou, compartilhando um vídeo de Harris em que ela critica a gestão de Trump após o furacão Maria, que devastou Porto Rico em 2017.
Enquanto isso, Kamala Harris estava em um tour pela Pensilvânia, onde a comunidade porto-riquenha é significativa. Durante sua visita, a vice-presidente anunciou uma força-tarefa e incentivos para Porto Rico, além de criticar a má gestão de Trump após a tragédia do furacão. A ligação entre os insultos de Hinchcliffe e a campanha de Harris foi clara, especialmente em um estado crucial para as eleições.
Líderes republicanos, como o senador Rick Scott, tentaram se distanciar da retórica de Hinchcliffe, enfatizando que os porto-riquenhos são “pessoas incríveis e americanos incríveis”. A congressista Maria Salazar também expressou sua indignação, afirmando que a retórica não reflete os valores do Partido Republicano e ressaltando a contribuição significativa de Porto Rico para o Exército dos EUA.
Além das ofensas direcionadas a Porto Rico, o comício também foi marcado por ataques misóginos e racistas contra Kamala Harris, com oradores do evento usando linguagem degradante. Esses insultos, em vez de fortalecer a base de Trump, acabaram por solidificar o apoio a Harris em um momento crítico, a apenas uma semana da eleição.
O estrategista David Plouffe, conselheiro da vice-presidente, resumiu a situação: “O momento certo é tudo.” Com Trump enfrentando dificuldades em seu estado natal e a dois dígitos atrás de Harris nas pesquisas, o impacto dos insultos proferidos no comício pode reverberar nas urnas.