Um juiz federal da Califórnia impediu o governo do presidente Donald Trump de cancelar os vistos de estudantes estrangeiros nos Estados Unidos. A decisão, emitida nesta quinta-feira (22) pelo juiz Jeffrey S. White, do distrito de Oakland, vale para todo o país e protege milhares de estudantes internacionais contra prisões, transferências de jurisdição e novos cancelamentos arbitrários de suas autorizações de permanência. A ordem judicial foi motivada por centenas de casos de estudantes que tiveram seus vistos revogados com pouco ou nenhum aviso, e, em muitos casos, sem justificativas adequadas. Alguns relataram ter sido indevidamente associados a investigações criminais após seus nomes serem cruzados com bases de dados do FBI, mesmo sem antecedentes.
O magistrado classificou as ações do governo como caóticas e afirmou que não há garantias de que os estudantes não voltarão a ser alvo de medidas semelhantes. Ele também criticou o que descreveu como uma tentativa do governo de contornar decisões judiciais por meio de mudanças sucessivas nas regras, o que chamou de “jogo de gato e rato”.
Paralelamente, o Departamento de Segurança Interna dos EUA anunciou o bloqueio da Universidade Harvard de matricular novos estudantes estrangeiros. A justificativa oficial foi a de que a instituição teria promovido condutas “pró-terrorismo” e mantido relações com o Partido Comunista Chinês. Em resposta, Harvard considerou a decisão ilegal e reafirmou seu compromisso com a presença internacional em seu corpo estudantil e docente, que reúne representantes de mais de 140 países.
As ações contra estudantes estrangeiros se intensificaram em meio a protestos universitários pró-Palestina e a um endurecimento da política migratória do governo Trump. Uma pesquisa recente da AP-NORC aponta que cerca da metade da população americana se opõe à revogação de vistos por envolvimento em manifestações. A decisão do juiz White representa uma importante limitação ao alcance dessas medidas e reforça a proteção legal aos estudantes internacionais que vivem e estudam nos EUA.