Na reta final de sua campanha, Kamala Harris tem se distanciado estrategicamente do presidente Joe Biden, que, embora tenha sido seu mentor e líder nas primárias, se tornou o grande ausente em comícios e eventos ao lado da candidata democrata. O presidente, que desistiu de buscar a reeleição, viu seu papel reduzido, o que levanta questões sobre sua influência na atual corrida eleitoral.
Durante um discurso apaixonado em Washington, Harris fez um apelo à unidade e aos valores democráticos, ecoando o tom de seus discursos durante a campanha de Biden em 2020. Contudo, a vice-presidente optou por não incluir Biden em suas aparições públicas, preferindo contar com a presença de figuras de destaque do Partido Democrata, como Bill Clinton e os Obamas, para energizar a base eleitoral.
Os estrategistas de Harris acreditam que sua melhor chance de se firmar como uma nova liderança é marcando distância do impopular Biden, que atualmente enfrenta índices de aprovação em torno de 40%. Em um evento no Parque Ellipse, ela afirmou: “É hora de uma nova geração de liderança na América. Foi uma honra servir como vice-presidente de Joe Biden. Mas trarei minhas próprias experiências e ideias para o Salão Oval.”
A decisão de afastar Biden vem acompanhada de preocupações sobre sua tendência a gafes. Recentemente, em uma videoconferência, o presidente fez comentários infelizes sobre os apoiadores de Trump, gerando uma repercussão negativa que rapidamente se espalhou pelo campo democrático. A Casa Branca teve que corrigir suas declarações, o que levou Harris a discordar publicamente de Biden, reforçando a necessidade de distanciamento.
Historicamente, afastar um presidente da campanha não é inédito. Em 2000, Al Gore optou por se distanciar de Bill Clinton devido a um escândalo, e em 2008, John McCain fez o mesmo com o então presidente George W. Bush. No entanto, a ausência de Biden levanta dúvidas sobre o futuro da candidatura de Harris, uma vez que ele era considerado a principal figura do partido até seu desempenho decepcionante em um debate contra Trump.
Embora Biden tenha expressado interesse em acompanhar Harris em eventos de campanha, seu papel tem se limitado a encontros com doadores e sindicalistas. Essa situação gera incômodos e questionamentos sobre a direção da campanha e o legado do governo Biden, que agora enfrenta o desafio de se reposicionar em um cenário eleitoral incerto.