O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, afirmou nesta quarta-feira (11) que os Estados Unidos e Israel foram os principais arquitetos de um plano que resultou na queda do presidente sírio Bashar al-Assad. Em um pronunciamento televisionado pela mídia estatal iraniana, Khamenei declarou que também há envolvimento de um país vizinho da Síria, possivelmente referindo-se à Turquia, mas não apresentou as provas que alegou possuir.
“O que aconteceu na Síria foi planejado principalmente nas salas de comando dos EUA e de Israel. Temos evidências disso. Um governo vizinho da Síria também esteve envolvido”, disse Khamenei, sugerindo que a Turquia desempenhou um papel decisivo ao apoiar grupos rebeldes anti-Assad desde o início da guerra civil em 2011. A Turquia, membro da Otan, controla territórios no norte da Síria após várias incursões contra milícias curdas e é conhecida por seu suporte a grupos opositores ao regime de Assad.
Impacto no “Eixo de Resistência”
A queda do governo Assad, ocorrida após uma ofensiva-relâmpago de um grupo rebelde, representa um grande golpe para o “Eixo de Resistência”, aliança política e militar liderada pelo Irã que busca conter a influência de Israel e dos Estados Unidos no Oriente Médio. O Irã investiu bilhões de dólares e enviou sua Guarda Revolucionária para sustentar o regime de Assad durante mais de uma década de conflito.
Apesar da derrota em Damasco, Khamenei reafirmou a força do Irã e de sua aliança na região. “Quanto mais pressão você exercer, mais forte a resistência se tornará. Quanto mais crimes você cometer, mais determinada ela ficará. Quanto mais você lutar contra ela, mais ela se expandirá. O Irã é forte e poderoso — e se tornará ainda mais forte”, declarou o líder iraniano.
Relações futuras e silêncio internacional
Horas após a queda de Assad, o governo iraniano emitiu um comunicado expressando esperança de que as relações com a Síria sejam mantidas. O Irã pediu a formação de um governo inclusivo em Damasco que represente todos os segmentos da sociedade síria, embora a própria estrutura do “Eixo de Resistência” esteja sendo desafiada.
Nem os Estados Unidos nem Israel comentaram publicamente as acusações de Khamenei até o momento. A comunidade internacional acompanha com atenção o desenrolar dos eventos, considerando os impactos potenciais para a dinâmica geopolítica do Oriente Médio.