Durante discurso no 16º Congresso Nacional do PSB, neste domingo (1º de junho de 2025), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, estaria tentando prender um “cara brasileiro” que estaria nos Estados Unidos “fazendo coisa contra o Brasil o dia inteiro”. Lula não especificou a quem se referia, mas a declaração ocorre em meio a investigações envolvendo o jornalista Allan dos Santos e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), ambos atualmente fora do país.
O comentário do presidente foi feito após o Departamento de Justiça dos EUA encaminhar uma carta ao STF e ao Ministério da Justiça criticando a ordem de Moraes que determinava o bloqueio do perfil de Allan dos Santos na plataforma Rumble. Moraes já havia emitido um mandado de prisão internacional contra o jornalista, conhecido por críticas ao governo petista. Contudo, autoridades americanas não atenderam ao pedido, alegando que não há base legal para extradição, dado que as acusações envolvem liberdade de expressão — protegida pela Constituição dos EUA.
Paralelamente, Eduardo Bolsonaro também está sob investigação no STF. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu, em 26 de maio, a abertura de um inquérito para apurar a atuação do parlamentar nos Estados Unidos. Segundo o procurador-geral Paulo Gonet, Eduardo estaria tentando convencer o governo americano a impor sanções contra ministros do STF e autoridades brasileiras.
A declaração de Lula coincide ainda com o anúncio do secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, que informou a intenção de restringir vistos a líderes estrangeiros acusados de promover censura contra cidadãos norte-americanos. Embora o nome de Moraes não tenha sido citado diretamente, Rubio já havia sugerido, em maio, que sanções baseadas na Lei Magnitsky poderiam ser consideradas contra o ministro do STF.
O episódio evidencia o aumento das tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos em torno de questões relacionadas à liberdade de expressão, soberania judicial e cooperação internacional em casos criminais.