Lula volta a classificar ofensiva de Israel em Gaza como genocídio e critica “vitimismo” do governo israelense

Brasília, 3 de junho de 2025 — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta terça-feira (3), em entrevista no Palácio do Planalto, que a ação militar de Israel na Faixa de Gaza configura um “genocídio” e criticou o que chamou de “vitimismo” por parte do governo israelense. A declaração ocorre um dia após a Embaixada de Israel no Brasil divulgar uma nota em que acusa autoridades internacionais de “comprarem mentiras” do grupo Hamas.

Durante a entrevista, Lula afirmou que não considera adequado que um presidente da República responda a uma nota de embaixada, mas reafirmou seu posicionamento crítico à ofensiva de Israel. “O que está acontecendo na Faixa de Gaza é um genocídio. É a morte de mulheres e crianças que não estão participando da guerra”, disse o presidente.

Lula acrescentou que, dada a história de sofrimento do povo judeu, o governo de Israel deveria adotar uma postura mais humanitária em relação aos palestinos. “Eles se comportam como se o povo palestino fosse cidadão de segunda classe”, afirmou, ao criticar o tratamento dado aos civis palestinos no atual conflito.

Questionado sobre as reações internacionais às suas declarações, Lula citou manifestações de ex-autoridades e de militares israelenses que também questionaram a escalada da violência na região. Segundo ele, “pessoas de bom senso” ao redor do mundo — inclusive dentro de Israel — têm classificado os ataques como excessivos e desproporcionais.

A nota da Embaixada de Israel, divulgada na segunda-feira (2), não mencionou diretamente o presidente brasileiro, mas ocorreu após declarações de Lula no fim de semana, nas quais ele acusou o governo Netanyahu de agir com “vingança” e promover um “genocídio”. O texto oficial israelense afirmou que críticas às ações em Gaza muitas vezes se baseiam em “propaganda e notícias falsas” disseminadas pelo Hamas, que controla o território.

Desde o início da guerra, em outubro de 2023, o governo brasileiro tem adotado uma postura crítica à condução das operações militares israelenses. O Brasil defende um cessar-fogo permanente, a retirada das tropas de Gaza e a ampliação do acesso à ajuda humanitária. De acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, o conflito já teria causado cerca de 60 mil mortes.

O Itamaraty e o próprio presidente Lula têm reforçado ao longo dos meses que a estratégia militar israelense compromete um possível acordo de paz e aprofunda a crise humanitária no território. Em declarações recentes, o chanceler Mauro Vieira classificou a situação em Gaza como uma “carnificina” e também pediu maior envolvimento da comunidade internacional para conter a escalada da violência.

As declarações do presidente ocorrem em um momento de tensão diplomática entre Brasil e Israel, marcado por trocas públicas de críticas e divergências sobre a forma de lidar com o conflito no Oriente Médio. Até o momento, o governo israelense não respondeu oficialmente às declarações feitas por Lula nesta terça-feira.

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