Em uma ação coordenada em todo o território, autoridades mexicanas prenderam mais de 5.200 imigrantes na terça-feira (3), em uma operação para conter o fluxo de pessoas em direção à fronteira com os Estados Unidos. A operação ocorre no contexto de crescentes pressões do governo dos EUA, especialmente após ameaças do presidente eleito Donald Trump de impor tarifas caso o México não tome medidas mais rigorosas contra o tráfico de drogas e a imigração ilegal.
Além das prisões de imigrantes, que foram realizadas pelo Exército, pela Guarda Nacional e pela polícia, as autoridades mexicanas anunciaram uma apreensão recorde de 1,1 tonelada de fentanil, substância altamente viciante e responsável por um grande número de overdoses nos Estados Unidos. A apreensão, feita nesta quarta-feira (4), foi considerada uma das maiores já registradas e causará um prejuízo de cerca de US$ 400 milhões para o crime organizado, segundo o governo mexicano.
Pressão dos EUA e Respostas do México
A operação ocorre no momento em que o México enfrenta fortes pressões dos Estados Unidos para intensificar o combate ao tráfico de drogas e à imigração ilegal. O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, recentemente ameaçou aumentar tarifas sobre produtos mexicanos caso o país não intensifique as medidas contra essas questões, principalmente o tráfico de fentanil, que tem contribuído para uma crise de overdose nos Estados Unidos. A substância, um opioide sintético, é responsável por cerca de 300 mortes diárias no país e tem se tornado um dos principais focos de atenção das autoridades americanas.
Nos últimos 60 dias, o México já deteve quase 350 mil imigrantes, conforme dados divulgados pela Marinha do país. As prisões de terça-feira (3) fazem parte de uma série de medidas adotadas para frear a migração ilegal, que tem se intensificado em direção à fronteira norte, especialmente após o agravamento da crise migratória na América Central e América do Sul.
Mudança de Abordagem no Combate ao Fentanil
A apreensão recorde de fentanil, feita em uma operação realizada pelas forças de segurança mexicanas, reflete uma mudança significativa na postura do governo mexicano em relação ao tráfico de drogas. A presidente da Cidade do México, Claudia Sheinbaum, anunciou a apreensão e afirmou que a operação foi o resultado de uma investigação prolongada. “Esta é a maior apreensão de fentanil já realizada”, destacou Sheinbaum, que também ressaltou a importância da colaboração entre as autoridades mexicanas e as agências de segurança dos EUA no combate a esse problema.
Essa ação marca um contraste com a administração anterior, do ex-presidente Andrés Manuel López Obrador, que frequentemente minimizava o papel do México na produção e tráfico de fentanil, apesar de evidências substanciais apontarem para o contrário. O governo atual parece estar adotando uma postura mais proativa, reconhecendo a importância de combater tanto a migração ilegal quanto o tráfico de drogas como parte de sua responsabilidade na luta contra a violência e o crime organizado.
Impacto nas Relações Bilaterais
A intensificação da repressão ao tráfico de drogas e à imigração ilegal é uma resposta direta às constantes demandas do governo dos Estados Unidos, que vê o México como um ponto crucial na luta contra o tráfico de fentanil. Embora as medidas possam aliviar algumas das tensões nas relações bilaterais, a pressão de Washington sobre o México continua a ser um tema central, especialmente à medida que se aproximam as eleições presidenciais nos Estados Unidos, nas quais a questão da segurança fronteiriça e do tráfico de drogas deve ser um tema recorrente.
Com o México aumentando suas operações contra a migração ilegal e o tráfico de substâncias como o fentanil, a dinâmica entre os dois países pode passar por novas mudanças, influenciadas pelas políticas dos EUA e pela necessidade de o México garantir maior controle sobre suas fronteiras e combater o crime organizado. No entanto, os desafios permanecem imensos, e a cooperação entre as nações será decisiva para o enfrentamento desses problemas.