“O Brasil não é problema para os Estados Unidos”, afirma vice-presidente Geraldo Alckmin

Em sua estreia no podcast “Direto de Brasília”, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, abordou diversos temas de relevância nacional e internacional, incluindo a recente imposição de tarifas pelos Estados Unidos sobre o Brasil. Alckmin afirmou que o Brasil pretende negociar com os americanos de maneira diplomática, sem recorrer a medidas punitivas. De acordo com o vice-presidente, uma guerra tarifária seria prejudicial para ambos os países.

Tarifaço dos EUA e a estratégia de negociação

Durante a entrevista, Alckmin destacou que o comércio exterior é crucial para o Brasil, pois gera empregos, estimula a inovação e melhora a competitividade. No entanto, ele apontou que a decisão unilateral dos Estados Unidos de aumentar as tarifas é prejudicial, criando um ambiente de imprevisibilidade e insegurança que pode impactar investimentos. Apesar de o Brasil ter ficado com a menor tarifa (10%) em comparação com outros países, o vice-presidente afirmou que a medida ainda assim é ruim para o país. “Ninguém ganha numa guerra tarifária”, declarou.

A estratégia do governo brasileiro, segundo Alckmin, será a de dialogar e negociar para minimizar os efeitos negativos da tarifa imposta pelos Estados Unidos. Para isso, um Projeto de Lei, já aprovado pelo Senado e Câmara dos Deputados, estabelece um arcabouço jurídico que permitirá ao Brasil responder a essas tarifas, embora o governo prefira, por enquanto, evitar ações mais drásticas.

Fortalecimento de acordos internacionais

Alckmin também falou sobre a ampliação de parcerias comerciais, destacando a importância do acordo Mercosul-União Europeia, que, segundo ele, é o maior acordo comercial do mundo e pode proporcionar grandes benefícios para as economias dos blocos envolvidos. Ele reafirmou que o Brasil continuará buscando novos mercados para seus produtos, com ênfase em oportunidades de investimento recíproco e complementaridade econômica.

Superávit comercial com os EUA e a relação bilateral

Em relação às alegações de Donald Trump sobre a necessidade de tarifas para proteger a indústria americana, Alckmin lembrou que os Estados Unidos têm superávit comercial com o Brasil, o que torna a imposição de tarifas injustificada. O Brasil, segundo o vice-presidente, exporta mais para os EUA do que importa, especialmente em setores como autopeças, motores e aviões. “O Brasil não é problema para os Estados Unidos”, afirmou.

Além disso, Alckmin destacou que a relação entre os dois países é histórica, com 200 anos de parceria. Apesar das tensões comerciais recentes, ele acredita que a relação pode ser aperfeiçoada, aumentando as oportunidades para empresas brasileiras e americanas.

Desafios internos e a popularidade do governo

O vice-presidente também abordou o momento político interno, atribuindo a queda na popularidade do governo Lula a fatores externos, como a crise climática e o aumento no preço dos alimentos. Segundo ele, a inflação e o dólar mais alto impactaram negativamente a vida dos brasileiros, mas medidas estão sendo tomadas para reverter esse quadro. Alckmin citou a expectativa de uma safra recorde em 2023 e a redução do imposto de importação de diversos produtos como sinais positivos para a economia.

O futuro político de Lula e Alckmin

Durante a entrevista, Alckmin também comentou sobre a candidatura de Lula à reeleição em 2026, afirmando que ela é “natural” devido à sua liderança e experiência. Quando questionado sobre o seu papel nas eleições futuras, Alckmin não descartou a possibilidade de continuar como vice-presidente, mas enfatizou que, para ele, o mais importante é colaborar com o governo na implementação de suas políticas.

Alckmin fez ainda uma reflexão sobre sua trajetória política, mencionando sua convivência com figuras como Marco Maciel e Mário Covas, e expressou sua paixão pelo sítio em Pindamonhangaba, onde costuma relaxar.

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