O Cinturão da Bíblia nos EUA e a Influência de Líderes Religiosos que Acreditam que Trump é “Enviado de Deus”

No sul dos Estados Unidos, uma vasta área conhecida como o Cinturão da Bíblia tem sido um terreno fértil para a fusão entre religião e política. Essa região, composta principalmente por estados de maioria protestante, abrange nove estados, incluindo Oklahoma, Louisiana, Alabama e Arkansas, onde os líderes religiosos exercem grande influência sobre a vida pública. O termo “Cinturão da Bíblia” se refere à forte presença de comunidades cristãs conservadoras que defendem valores tradicionais e interpretam a política sob a ótica religiosa.

Um exemplo típico dessa mistura entre fé e política é o pastor e senador Dusty Deevers, da Igreja Batista Reformada da Graça em Elgin, Oklahoma. Deevers não apenas prega aos domingos, como também propõe leis conservadoras como senador estadual. Ele e outros líderes locais veem a política como uma extensão de sua fé, acreditando que suas convicções religiosas devem orientar as estruturas de poder nos Estados Unidos. Para eles, Donald Trump é mais do que um político; ele é considerado por muitos como um líder enviado por Deus para guiar o país.

Trump como “Enviado de Deus”

Líderes como Deevers e outros no Cinturão da Bíblia são parte de uma crescente influência cristã conservadora que acredita que o cristianismo deve moldar as leis e a governança do país. A crença de que “não há como desconectar o cristianismo da política” é comum entre muitos pastores e líderes religiosos, que defendem leis baseadas em princípios bíblicos, como a proibição do aborto, o combate à pornografia e o ensino da Bíblia nas escolas públicas.

Trump é visto por muitos fiéis como o líder capaz de lutar contra as forças progressistas que eles acreditam estar corroendo os valores tradicionais americanos. Aaron Hoffman, um pastor em treinamento, e Gina Desmarais, uma mãe de quatro filhos que educa os filhos em casa segundo os valores cristãos, são exemplos de indivíduos que compartilham essa visão. Para eles, políticas alinhadas com as Escrituras beneficiam não apenas os crentes, mas também a sociedade como um todo.

Políticas Religiosas e a Educação no Cinturão da Bíblia

Nos últimos anos, as escolas tornaram-se um campo de batalha importante nas chamadas “guerras culturais”. Em estados como Louisiana e Oklahoma, houve medidas para incluir o ensino da Bíblia nas escolas públicas e decretos que reafirmam os valores religiosos nas salas de aula. No entanto, essas ações geraram controvérsia, especialmente entre professores que defendem a separação entre Igreja e Estado, como Susie Stephenson, que renunciou ao seu cargo por discordar dessas medidas.

Trump e a Base Evangélica

Embora Donald Trump não seja conhecido por uma trajetória religiosa profunda, ele conseguiu conquistar uma base significativa de apoio entre os evangélicos durante sua presidência. Muitos líderes religiosos, como o pastor Jackson Lahmeyer, de Oklahoma, e o pastor Paul Blair, veem Trump como um instrumento divino. Eles o apoiam incondicionalmente, mesmo em meio a controvérsias, como a invasão do Capitólio em 2021, e continuam a mobilizar eleitores evangélicos para as eleições de 2024.

Essa aliança entre religião e política pode ser vista como parte de uma estratégia maior, onde líderes conservadores buscam transformar os EUA em uma nação cristã, conforme suas crenças. Trump, ao nomear juízes conservadores para a Suprema Corte, reforçou seu vínculo com essa base, especialmente após a decisão de revogar o direito ao aborto, uma das principais conquistas dos conservadores cristãos.

O Futuro da Política Religiosa nos EUA

Com as eleições de novembro se aproximando, o Cinturão da Bíblia permanece uma fortaleza do Partido Republicano, onde a maioria das pessoas acredita que Trump deve voltar à presidência. A esperança de que Trump implemente políticas ainda mais conservadoras, alinhadas com a fé cristã, continua viva entre muitos desses eleitores, que acreditam que a América deve retornar aos valores de sua fundação cristã.

A influência crescente do nacionalismo cristão, que busca unir a vida pública e a religião protestante, está moldando o futuro político dos EUA. Esses líderes religiosos e seus seguidores veem Trump como o líder ideal para conduzir essa transformação e, com isso, restaurar a centralidade da fé na vida americana.

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