Uma imagem comovente, capturada em meio a um cenário devastador em Gaza, revelou a presença de Julia Abu Warda, uma menina de apenas três anos, rodeada por homens detidos em uma operação militar israelense. A fotografia, que se tornou viral, mostra a menina desviando o olhar, em meio a um grupo de homens visivelmente assustados e exaustos. A cena, marcada por destruição e tensão, levantou questões sobre a segurança e o bem-estar de crianças em meio a conflitos armados.
A imagem foi inicialmente compartilhada na plataforma Telegram por um jornalista que tem acesso às Forças de Defesa de Israel (FDI). Nela, os homens foram obrigados a se despir até ficarem apenas de cueca, uma prática comum durante operações de busca por armamentos. Enquanto isso, Julia parecia pequena e desorientada no meio da agitação.
Após a divulgação da foto, a equipe da BBC, em colaboração com o programa Gaza Today, iniciou uma busca para descobrir o paradeiro da menina. Em um curto espaço de tempo, a boa notícia chegou: Julia estava viva e com sua família na Cidade de Gaza, após ter sido deslocada diversas vezes devido aos ataques aéreos.
Conforme relatos de seu pai, Mohammed, a família enfrentou uma sequência de eventos traumáticos. Desalojados cinco vezes em 21 dias, eles fugiam de bombardeios e enfrentavam o caos nas ruas. No dia em que a foto foi tirada, estavam em uma situação de grande vulnerabilidade, quando foram separados da mãe de Julia devido à multidão.
A menina, que estava em segurança com seu pai e avô, assistia a um desenho animado quando os repórteres a encontraram. Embora fisicamente ilesa, Julia carrega marcas emocionais profundas. Seu pai compartilhou a dor da perda de seu primo, Yahya, de sete anos, que morreu em um ataque aéreo. Essa tragédia afetou Julia profundamente, fazendo com que ela associasse os drones a perigo e destruição.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) relatou que cerca de 14 mil crianças já perderam a vida no atual conflito. A organização enfatiza que as crianças estão pagando um preço alto por uma guerra que não iniciaram, e muitas delas necessitam urgentemente de assistência em saúde mental.
Embora Julia tenha sido reencontrada com sua família, a realidade de viver em uma zona de guerra é uma carga pesada. As memórias de violência e perda são sombras que poderão acompanhá-la por toda a vida. A esperança reside na família, que se esforçará ao máximo para protegê-la em meio a uma situação devastadora.