ONU Critica Uso de Minas Terrestres Após Decisão dos EUA de Fornecer Armamento à Ucrânia

Nesta segunda-feira (25), o secretário-geral da ONU, António Guterres, manifestou preocupação com a “ameaça renovada” representada pelas minas terrestres, em meio à decisão dos Estados Unidos de fornecer esse tipo de armamento às forças ucranianas. A declaração foi feita durante uma conferência no Camboja, país que carrega uma história marcada pelos devastadores efeitos das minas terrestres.

A Declaração de Guterres

Em um comunicado enviado à conferência, Guterres destacou os avanços globais na eliminação de minas, mas alertou para o retrocesso representado pelo uso continuado desse armamento. Ele pediu aos 164 signatários do Tratado de Proibição de Minas Antipessoais que respeitem seus compromissos.

“Mas a ameaça persiste”, afirmou o secretário-geral. “Isto inclui o uso renovado de minas antipessoais por alguns signatários da convenção, assim como por alguns que estão atrasados em seus compromissos de destruição destas armas.”

As declarações, lidas pela subsecretária-geral Armida Salsiah Alisjahbana, não mencionaram explicitamente a Ucrânia ou os Estados Unidos. No entanto, o fornecimento de minas terrestres por Washington gerou críticas de ativistas dos direitos humanos e reacendeu o debate global sobre o uso desse armamento.

O Contexto do Fornecimento de Minas

Na última semana, os Estados Unidos anunciaram a entrega de minas terrestres à Ucrânia como parte do apoio militar na luta contra a invasão russa. Em resposta, o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, defendeu o uso das minas, afirmando que elas são “muito importantes” para conter o avanço das tropas russas.

A decisão foi vista como controversa, uma vez que tanto os EUA quanto a Rússia não assinaram o tratado internacional que proíbe as minas antipessoais, diferentemente da Ucrânia, que é signatária.

O Legado das Minas no Camboja

A escolha do Camboja como sede da conferência ressalta o impacto duradouro das minas terrestres. O país sofreu com décadas de guerra civil e permanece entre os mais afetados por minas terrestres e dispositivos não detonados. Desde 1979, cerca de 20.000 pessoas morreram e mais de 40.000 ficaram feridas no país devido a esses explosivos.

Repercussões Internacionais

A decisão de Washington de enviar minas terrestres à Ucrânia gerou críticas de organizações de direitos humanos, que alertam para os riscos das minas em conflitos armados. Elas podem causar mortes e mutilações muito tempo após o término das hostilidades, afetando principalmente civis.

Com o uso renovado das minas em conflitos como o da Ucrânia, cresce o apelo por uma ação global mais incisiva para garantir o cumprimento do Tratado de Proibição de Minas Antipessoais e para evitar retrocessos nos esforços de desarmamento e segurança humanitária.

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