A Operação Integration, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro envolvendo apostas online, avança para uma nova fase após recentes reviravoltas judiciais. Entre os investigados estão figuras públicas como o cantor Gusttavo Lima e a influenciadora Deolane Bezerra. Ambos tiveram ordens de prisão preventiva revogadas nos últimos dias, mas as investigações continuam.
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) devolveu o inquérito concluído pela Polícia Civil, solicitando novas diligências. A investigação apura o envolvimento de casas de apostas online em um esquema de lavagem de dinheiro proveniente de jogos de azar. Além de solicitar novas apurações, o MPPE também recomendou a substituição das prisões preventivas por outras medidas cautelares, decisão que foi parcialmente acatada pela juíza Andréa Calado da Cruz, responsável pelo caso na 12ª Vara Criminal do Recife.
Reviravoltas Judiciais
Deolane Bezerra, que foi presa em setembro durante a deflagração da operação, foi beneficiada com um habeas corpus, assim como sua mãe, Solange Bezerra. No entanto, a influenciadora e empresária ainda enfrenta um processo complexo, com bloqueio de R$ 20 milhões de seus bens e da sua empresa de apostas, Zeroumbet. A defesa de Deolane argumenta que as prisões foram abusivas, e a própria influenciadora publicou uma carta em suas redes sociais afirmando ser vítima de injustiça.
Gusttavo Lima, que também foi alvo de uma ordem de prisão preventiva, teve a medida revogada no dia 24 de setembro. Segundo o especialista em Direito Penal Durval Lins, o MPPE solicitou à Polícia Civil mais detalhes e complementações ao inquérito, o que deve prolongar a investigação por, pelo menos, mais três meses.
Dois Processos Paralelos
O caso envolve dois processos distintos. O primeiro é o inquérito policial, que tramita na 12ª Vara Criminal, onde a juíza Andréa Calado da Cruz analisa o relatório da investigação e decide sobre a continuidade das medidas judiciais. O segundo processo envolve os pedidos de habeas corpus, analisados pelo desembargador Eduardo Guilliod Maranhão, da 4ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE).
Durval Lins destacou a complexidade do caso, que envolve a movimentação de grandes somas de dinheiro e múltiplos domicílios de investigados, o que pode demandar prazos mais longos para a conclusão das diligências.
Divergências nas Decisões
As recentes decisões judiciais revelaram divergências entre as instâncias. Enquanto a juíza Andréa Calado havia mantido as prisões preventivas, o desembargador Eduardo Guilliod Maranhão revogou as ordens, beneficiando Deolane Bezerra e Gusttavo Lima. Segundo Lins, a principal discussão em torno das prisões é sobre a necessidade de manter pessoas com atividades lícitas presas preventivamente, especialmente em um crime que não envolve violência.
Cronologia do Caso
A operação começou a ganhar atenção em julho deste ano, quando Deolane Bezerra abriu a empresa de apostas Zeroumbet, com um capital inicial de R$ 30 milhões. Em setembro, ela foi presa sob a acusação de participação em um esquema de lavagem de dinheiro, com movimentações suspeitas que giravam em torno de R$ 3 bilhões.
A Justiça bloqueou milhões em bens da influenciadora e de outros suspeitos, incluindo carros de luxo e aeronaves. Deolane foi solta em setembro após um habeas corpus, mas o caso segue em andamento, com a expectativa de novos desdobramentos nas investigações.
Enquanto a Operação Integration continua, os próximos passos dependem das diligências que ainda serão realizadas pela Polícia Civil, conforme solicitado pelo Ministério Público.