PF investiga fraudes no INSS que podem ter causado prejuízo de até R$ 6,3 bilhões

A Polícia Federal (PF) revelou um esquema de fraudes envolvendo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) que pode ter causado prejuízo estimado em até R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024. A operação, batizada de “Sem Desconto”, apura irregularidades praticadas por associações que descontavam mensalidades de aposentados e pensionistas sem autorização.

De acordo com as investigações, essas entidades cadastravam beneficiários de forma irregular, utilizando assinaturas falsas e, em alguns casos, oferecendo propina a servidores públicos para acessar dados sigilosos e autorizar os descontos nos contracheques. A Controladoria-Geral da União (CGU) identificou que mais de 742 mil pedidos de cancelamento de descontos foram registrados apenas no primeiro semestre de 2024 — em 95,6% deles, os beneficiários alegaram não ter autorizado o desconto.

Onze associações foram suspensas judicialmente, e outras doze estão sob investigação. Segundo a PF, o esquema concentrava-se principalmente em cidades do Nordeste, especialmente nos estados do Maranhão e do Piauí. Em alguns municípios, mais de 60% dos aposentados tinham descontos associativos aplicados sem consentimento.

Na semana passada, a PF prendeu seis pessoas ligadas a entidades investigadas, em Sergipe. Também foram afastados seis servidores do alto escalão do INSS, incluindo o então presidente do órgão, Alessandro Stefanutto. Entre os investigados está o lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, apelidado pela PF de “Careca do INSS”, apontado como uma das figuras centrais do esquema. Ele é sócio de diversas empresas, das quais pelo menos quatro estariam diretamente envolvidas nas fraudes, e teria movimentado R$ 24,5 milhões em apenas cinco meses.

Durante a operação, foram apreendidos R$ 1,7 milhão em dinheiro, 61 veículos de luxo avaliados em R$ 34,5 milhões, além de joias e obras de arte.

O governo federal suspendeu todos os descontos associativos dos benefícios do INSS e prometeu reembolsar os valores indevidamente cobrados. O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, admitiu demora na adoção de medidas mesmo após ter sido alertado, em 2023, sobre o crescimento das queixas. Ele negou omissão, mas reconheceu falhas no tempo de resposta.

Este é o segundo presidente do INSS a ser exonerado desde o início do atual governo. As investigações seguem em andamento, e os nomes dos detidos e envolvidos continuam sendo apurados pelas autoridades.

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