A Polícia Federal (PF) deve ouvir nesta semana o depoimento do tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo, apontado como suspeito de participar de um plano para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB). O militar, preso no Rio de Janeiro, é o único alvo da operação “Contragolpe” que ainda não foi indiciado.
A operação, deflagrada na última terça-feira (19), já resultou no indiciamento de nomes como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os ex-ministros Walter Braga Netto e Augusto Heleno. Os acusados foram enquadrados em crimes como abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa.
“Kids Pretos” e o Grupo “Copa 2022”
A PF identificou que Rodrigo Bezerra fazia parte de um seleto grupo de elite do Exército, conhecido como “Kids Pretos”, composto por militares formados pelo Curso de Operações Especiais. Esse grupo é especializado em missões sigilosas, operando em contextos hostis e politicamente sensíveis.
O apelido “Kids Pretos” vem dos gorros utilizados pelos militares durante suas operações. Esses agentes são treinados para atuar em guerra não convencional, reconhecimento especial, contraterrorismo e outras missões críticas.
Segundo o relatório da PF, o grupo utilizava um canal chamado “Copa 2022” para articular o plano enquanto a Copa do Mundo de Futebol Masculino ocorria no Catar. A investigação apontou que o grupo discutia ações relacionadas ao ataque aos líderes políticos.
Repercussão nas Forças Armadas
A prisão de militares envolvidos no caso gerou reação entre membros das Forças Armadas. Em nota divulgada nesta sexta-feira (22), os Clubes Naval, Militar e da Aeronáutica criticaram o que chamaram de “esforço concentrado” para depreciar os valores militares.
O comunicado, intitulado “Entre Crises e Narrativas: A Defesa dos Valores Militares”, afirmou que há um sensacionalismo em torno das prisões. Os clubes argumentam que as Forças Armadas continuam comprometidas com a defesa da Constituição e dos valores democráticos, mas rejeitam generalizações sobre os envolvidos.
Próximos Passos da Investigação
O depoimento do tenente-coronel Bezerra Azevedo deve ser essencial para esclarecer as acusações e complementar o relatório já enviado ao STF. Até o momento, a defesa do militar não se pronunciou sobre o caso.
A operação “Contragolpe” segue como uma das principais ações investigativas da PF neste ano, refletindo os esforços para responsabilizar suspeitos de atentarem contra a ordem democrática no Brasil.