Presença de Membros do PCC nos EUA Preocupa Autoridades Brasileiras

A prisão de um homem de 50 anos, procurado pela Justiça brasileira por envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC), em Boston, nos Estados Unidos, trouxe à tona uma crescente preocupação das autoridades brasileiras. O indivíduo, que havia entrado ilegalmente no país dois meses antes de sua captura, faz parte de uma nova tendência alarmante: “soldados” do PCC, membros de baixo escalão da organização criminosa, estão cruzando as fronteiras dos EUA na tentativa de se estabelecerem no país.

O caso, que mobilizou a unidade de Operação de Fiscalização e Remoção (ERO) de Boston, destaca a cooperação estreita entre os governos dos Estados Unidos e Brasil no combate ao crime organizado. Desde 2022, autoridades norte-americanas têm detectado um aumento no número de pessoas associadas direta ou indiretamente ao PCC que entram ilegalmente no país. Massachusetts e Pensilvânia, regiões com grande concentração de brasileiros, estão no radar das autoridades.

A Ação das Autoridades e a Expansão do PCC

O PCC, liderado por Marco Willians Herbas Camacho, conhecido como Marcola, é uma das maiores facções criminosas do Brasil, com uma base estimada de 40 mil membros. Nos EUA, embora ainda não existam indícios de que o grupo esteja envolvido com o tráfico de drogas no país, há preocupações sobre membros e familiares de traficantes que estão investindo em imóveis de luxo, especialmente na região de Miami.

Recentemente, em 8 de agosto, outro membro do PCC, Adinan de Souza Fontoura, de 42 anos, foi preso em Boston sob acusação de roubo. Ele foi rapidamente deportado ao Brasil, evidenciando a colaboração contínua entre os dois países para conter a expansão da facção criminosa em território norte-americano. “Ele demonstrou propensão a cometer ações violentas e representou uma ameaça aos moradores de Massachusetts. Agora, ele retornará ao seu país de origem para enfrentar a justiça lá”, declarou Todd M. Lyons, diretor do escritório de campo do ERO em Boston, em comunicado oficial.

Fronteiras em Alerta

A Border Patrol, responsável pela vigilância na fronteira dos EUA com o México, também tem recebido informações detalhadas sobre o PCC. O objetivo é identificar e impedir a entrada de membros da facção criminosa, utilizando até mesmo sinais como tatuagens características para reconhecer possíveis integrantes. A colaboração entre as autoridades brasileiras e americanas vem se intensificando para monitorar essas movimentações.

A operação recente é parte de um esforço maior para conter o fluxo de pessoas com antecedentes criminais entrando ilegalmente nos Estados Unidos. Segundo dados da ERO, em 2022, 46.396 indivíduos com registros criminais foram presos após cruzarem ilegalmente as fronteiras do país. Em 2023, esse número aumentou significativamente, saltando para 73.822. Entre os principais crimes cometidos por esses “invasores” estão homicídio, sequestro e violência sexual.

O Desafio da Expansão Internacional do PCC

A atuação do PCC fora do Brasil, embora ainda discreta em termos de narcotráfico, já preocupa autoridades internacionais. O aumento da presença de membros da facção nos Estados Unidos levanta questões sobre o possível fortalecimento de uma rede internacional de crimes financeiros e de lavagem de dinheiro, especialmente através da aquisição de propriedades de luxo.

Enquanto as autoridades de ambos os países reforçam suas parcerias para conter essa ameaça, os recentes casos em Boston revelam que a influência do PCC pode estar se expandindo de formas menos visíveis, mas igualmente perigosas. O desafio agora é impedir que essa facção crie raízes no exterior e continue a operar de maneira sofisticada e globalizada.

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