A presidente do México, Claudia Sheinbaum, declarou nesta terça-feira (26) que as tarifas de 25% sobre produtos do México e Canadá, prometidas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, trarão consequências graves, como aumento da inflação e perda de empregos nos três países da região.
Durante uma coletiva de imprensa, Sheinbaum anunciou que enviará uma carta a Trump pedindo diálogo e cooperação. “Para uma tarifa virá outra e assim por diante, até colocarmos nossos negócios comuns em risco”, afirmou, destacando que a medida também pode violar o Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), assinado em 2020 durante o primeiro mandato de Trump.
Impactos econômicos e violação ao USMCA
O USMCA, que substituiu o antigo NAFTA, estabelece regras para o comércio entre os três países da América do Norte e foi projetado para evitar barreiras tarifárias. Especialistas alertam que a imposição unilateral de tarifas pode desencadear disputas legais e prejudicar as economias interligadas da região.
Sheinbaum enfatizou que o México tem cumprido suas obrigações sob o acordo, incluindo esforços para conter a epidemia de fentanil nos Estados Unidos e reduzir a migração irregular. “As apreensões de imigrantes na fronteira estão diminuindo, e as caravanas não estão mais chegando à fronteira”, disse.
Armas e fentanil: desafios compartilhados
A presidente mexicana apontou que os desafios regionais, como o tráfico de drogas e a violência, exigem cooperação. Ela destacou que grupos criminosos no México continuam recebendo armas vindas dos EUA, o que agrava a violência no país.
“Não produzimos armas, não consumimos drogas sintéticas. Infelizmente, temos as pessoas que estão sendo mortas pelo crime que responde à demanda em seu país”, afirmou Sheinbaum, cobrando um esforço conjunto para lidar com esses problemas.
O discurso de Trump e as tensões bilaterais
Na noite desta segunda-feira (25), Trump anunciou suas intenções de impor tarifas, alegando que o México não tem feito o suficiente para impedir a entrada de drogas ilícitas e imigrantes ilegais nos Estados Unidos. A declaração gerou críticas imediatas de setores econômicos e políticos nos três países.
Enquanto isso, Sheinbaum reforçou a necessidade de manter um diálogo aberto entre os governos. “Os desafios compartilhados da região só podem ser enfrentados com cooperação, diálogo e compreensão recíproca”, concluiu.
A carta oficial da presidente mexicana deve ser enviada ainda hoje, enquanto especialistas avaliam os possíveis desdobramentos dessa proposta tarifária no cenário econômico e político da América do Norte.