Primeiro Encontro Oficial dos EUA com Novos Governantes da Síria Após Colapso de Assad

Uma delegação dos Estados Unidos se reuniu pela primeira vez com os novos líderes da Síria nesta sexta-feira (20), após a queda do regime de Bashar al-Assad. O encontro histórico ocorreu em Damasco com representantes do grupo Hayat Tahrir al-Sham (HTS), que tomou o poder na Síria após uma ofensiva rápida que resultou no colapso do governo de Assad.

A delegação americana, composta pela principal diplomata do Departamento de Estado para o Oriente Médio, Barbara Leaf, o enviado presidencial para assuntos de reféns, Roger Carstens, e o conselheiro sênior Daniel Rubinstein, é a primeira a viajar para a Síria desde o fim do regime de Assad. O novo dirigente sírio, Ahmed al Sharaa, celebrou a reunião como “positiva” e expressou otimismo sobre os resultados das discussões.

Discussões sobre Transição e Luta Contra o ISIS

Durante as reuniões, que foram descritas como produtivas, os diplomatas dos EUA discutiram os “princípios de transição” endossados pelos Estados Unidos, além de abordarem questões regionais e a necessidade de continuar a luta contra o grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS). O Comando Central dos EUA, em comunicado, também confirmou que ataques aéreos na mesma data mataram dois agentes do ISIS, incluindo seu líder, Abu Yusif.

As conversas entre os diplomatas americanos e os representantes do HTS também trataram da questão da segurança dentro da Síria, com al Sharaa se comprometendo a garantir que grupos terroristas não representem uma ameaça, tanto dentro quanto fora das fronteiras sírias.

Reuniões com Sociedade Civil e Questões Humanitárias

Além das reuniões com os líderes do HTS, a delegação dos Estados Unidos também se encontrou com grupos da sociedade civil síria e membros de diversas comunidades, buscando entender melhor suas visões para o futuro do país e como os EUA poderiam apoiar esses grupos. O governo americano também aproveitou a oportunidade para coletar mais informações sobre o desaparecimento do jornalista norte-americano Austin Tice, sequestrado em 2012, além de outros cidadãos dos EUA que desapareceram durante o regime de Assad.

Mudança na Política dos EUA em Relação ao HTS

Durante a visita, os Estados Unidos retiraram a oferta de recompensa pela captura de Ahmed al Sharaa, que havia sido designado como “terrorista” até então. A mudança sinaliza um possível afrouxamento das tensões entre Washington e o grupo HTS, que, embora tenha sido vinculado a facções extremistas no passado, agora ocupa uma posição dominante na Síria.

Reações Regionais e Preocupações com o Futuro da Síria

O colapso do governo de Assad tem gerado uma série de reações internacionais. Países como França, Alemanha, Reino Unido e organizações como as Nações Unidas também enviaram delegações a Damasco, com o foco na fragmentação do país e na proteção dos direitos das minorias, em especial nas regiões curdas semi-autônomas do norte.

Além disso, as recentes manifestações em Damasco, que exigiram mais democracia e direitos para as mulheres, refletem o crescente descontentamento com a situação política. “A era do silêncio acabou. Estaremos atentas a qualquer postura que possa prejudicar as mulheres e não a aceitaremos”, afirmou Majida Mudarres, uma das manifestantes.

Desafios à Frente

O futuro da Síria continua incerto, e os próximos passos do grupo HTS são aguardados com grande expectativa. Embora a queda de Assad tenha sido saudada por muitas potências ocidentais, ainda não está claro se o HTS adotará um governo islâmico rígido ou se seguirá um caminho mais flexível em direção à democracia. O cenário sírio segue em transformação, com os olhos do mundo voltados para os próximos movimentos dos novos líderes do país.

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