Com pouco mais de 50 dias até a eleição presidencial nos Estados Unidos, a corrida entre Kamala Harris e Donald Trump está mais acirrada do que nunca. Os dois candidatos polarizam o debate público, especialmente nos estados-pêndulos, e a economia e o custo de vida têm sido temas centrais para os eleitores.
Segundo Clifford Young, presidente do instituto de pesquisas Ipsos nos EUA, a vice-presidente Kamala Harris tem conseguido mobilizar a base do Partido Democrata, mostrando “energia” em sua campanha. Já Trump, ex-presidente, mantém uma forte conexão com temas econômicos, como inflação e emprego, que são de grande relevância para o eleitorado.
Em uma pesquisa realizada pela Reuters/Ipsos em 27 de agosto, 43% dos eleitores registrados preferiam Trump para conduzir a economia, enquanto 40% se mostraram a favor de Harris. Esse equilíbrio reflete uma disputa apertada, com a campanha de Harris se destacando pela comunicação eficiente de suas propostas.
Desempenho das campanhas e impacto nos eleitores
Young pontua que a eficiência das campanhas na transmissão de suas mensagens será decisiva. “A principal questão agora é sobre a eficiência das campanhas para transmitir sua própria mensagem”, afirmou o especialista ao WW Especial. Para ele, embora Trump seja mais associado à economia, Harris tem feito uma campanha mais eficaz.
Fernanda Magnotta, analista de política internacional da CNN, reforça que Harris é uma candidata competitiva, especialmente com a saída de Joe Biden da disputa. “Kamala é uma agente competitiva”, afirmou, destacando que a vice-presidente tem conseguido angariar apoio em segmentos cruciais do eleitorado, como negros, hispânicos e jovens.
Estados-pêndulo: onde a eleição será decidida
Nos Estados Unidos, a eleição presidencial é decidida pelo Colégio Eleitoral, onde os eleitores votam indiretamente, escolhendo delegados que determinam o vencedor. Clifford Young destacou que seis estados-pêndulo serão fundamentais em 2024: Wisconsin, Michigan, Pensilvânia, Nevada, Arizona e Geórgia. Nesses estados, a inflação e o custo de vida são os temas centrais para os eleitores, especialmente nas regiões industriais.
Christopher Garman, diretor-executivo da consultoria Eurasia, apontou que a inflação, que aumentou após a pandemia de Covid-19, é o “calcanhar de Aquiles” dos democratas. Ele também observou que Harris tenta se distanciar, tanto de Biden quanto de Trump, apresentando-se como uma líder voltada para o futuro.
A polarização e o impacto no futuro do país
A polarização entre os eleitores americanos está mais evidente do que nunca. Trump, segundo Young, representa uma “América do passado”, enquanto Harris personifica uma “América nova e diversificada”. Essa divisão tem impacto não apenas na eleição, mas também na governança do país nos próximos anos.
A eleição de 2024 é vista como um dos maiores riscos geopolíticos globais pela consultoria Eurasia, considerando o papel dos EUA na economia e política internacional. “Estamos caminhando para uma disfuncionalidade doméstica com repercussões globais”, destacou Garman, ressaltando a importância da eleição para o futuro do país e do mundo.
Com uma disputa tão apertada, a questão que permanece é: quem conseguirá mobilizar sua base eleitoral de forma mais eficiente e conquistar os votos decisivos nos estados-pêndulo? A resposta a essa pergunta será conhecida em 5 de novembro, quando os americanos decidirão quem será o próximo residente da Casa Branca.