Quem são os Houthis, grupo que atacou porta-aviões dos EUA no Mar Vermelho?

O grupo paramilitar iemenita dos Houthis, também conhecidos como Ansar Allah, voltou a ganhar atenção internacional após um ataque recente contra embarcações militares dos Estados Unidos. No último dia 12 de novembro, o porta-aviões nuclear USS Abraham Lincoln e dois contratorpedeiros norte-americanos foram alvos de mísseis e drones no Mar da Arábia e no Mar Vermelho, conforme reivindicado por Yahya Saree, porta-voz dos Houthis. O ataque ocorre em meio a um aumento das ações militares do grupo na região, que já havia atacado outros navios no Mar Vermelho ao longo deste ano.

Origens e história do movimento

Os Houthis têm suas raízes no Iémen, onde foram fundados na década de 1990 como um movimento político e religioso. O grupo recebeu seu nome de Hussein Badr Eddin al-Houthi, que liderou a primeira revolta contra o governo do Iémen nos anos 2000, após seu irmão morrer em um confronto com as forças iemenitas. Inicialmente, o movimento tinha um foco político, defendendo os interesses da população zaidita, uma vertente do islã xiita predominante no norte do Iémen.

A partir da década de 2010, os Houthis começaram a se envolver ativamente em manifestações contra o governo do presidente Ali Abdullah Saleh, em um contexto de crescente insatisfação popular que culminou na Primavera Árabe de 2011. A pressão popular forçou Saleh a deixar o cargo, mas a transição política falhou em estabilizar o país, gerando um vácuo de poder que contribuiu para a ascensão dos Houthis.

Em 2014, o grupo tomou o controle da capital, Sanaa, e de outras áreas do norte do Iémen, iniciando uma guerra civil que já dura quase nove anos. Desde então, os Houthis têm se oposto ao governo central do Iémen, apoiado pela coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, em uma guerra que resultou em uma crise humanitária devastadora.

Os Houthis e a relação com o Ocidente

Ao longo dos anos, os Houthis passaram a adotar uma postura cada vez mais hostil em relação aos interesses ocidentais na região, particularmente os Estados Unidos e seus aliados. Em 2018, o grupo atacou mais de 60 embarcações na região da Faixa de Gaza, alegando que suas ações eram uma resposta ao apoio de Israel e outros países parceiros aos palestinos. Para os Houthis, as ações eram uma forma de solidariedade com a Palestina.

Nos Estados Unidos, o grupo foi inicialmente designado como organização terrorista durante o governo de Donald Trump, que apontava os Houthis como aliados do Irã e responsáveis por desestabilizar a região. No entanto, a administração de Joe Biden, ao assumir a presidência, retirou a designação de “terroristas” em 2021, em um esforço para abrir canais diplomáticos e facilitar a busca por uma solução para a guerra civil no Iémen.

Contudo, após uma escalada nos ataques contra navios e interesses ocidentais, a administração Biden voltou a classificar os Houthis como terroristas em janeiro de 2023, à medida que as ações do grupo se intensificavam no Mar Vermelho e nas águas do Golfo de Aden.

O impacto da guerra civil no Iémen

A guerra civil no Iémen, que envolve diversos atores internacionais, incluindo a Arábia Saudita, Irã e os Emirados Árabes Unidos, se transformou em um dos conflitos mais longos e devastadores da atualidade. Mais de 250 mil pessoas morreram desde o início da guerra, e milhões de iemenitas vivem em condições precárias, com o país enfrentando uma grave crise humanitária, com falta de alimentos, água potável e serviços básicos.

Os Houthis, que ainda controlam partes significativas do norte do Iémen, continuam a desafiar a coalizão liderada pela Arábia Saudita e a fazer avançar suas reivindicações por maior poder no governo do país. O apoio iraniano aos Houthis, que tem sido um ponto controverso, fortalece ainda mais a posição do grupo, gerando tensão com potências ocidentais e com os vizinhos árabes.

Conclusão

O ataque recente aos navios dos EUA reflete a escalada da violência e da insegurança no Iémen, um país já devastado pela guerra. Com um histórico de confrontos com potências ocidentais e uma postura cada vez mais agressiva, os Houthis permanecem uma das principais ameaças à estabilidade no Oriente Médio, sendo um fator central na prolongada crise política e humanitária que assola o Iémen. Enquanto o governo iemenita e a coalizão liderada pela Arábia Saudita buscam conter o avanço do grupo, a comunidade internacional continua a monitorar de perto os desdobramentos dessa guerra sangrenta e suas implicações para a segurança regional e global.

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