Trio de reféns foi solto em troca de prisioneiros palestinos; familiares relatam estado de saúde debilitado
Após 491 dias em cativeiro, os reféns israelenses Eli Sharabi, Or Levy e Ohad Ben Ami foram libertados neste sábado (8) pelo Hamas. Magros e abatidos, os três foram apresentados em um palco na cidade de Deir al-Balah, no centro de Gaza, antes de serem levados de ônibus até Ramallah, na Cisjordânia. A libertação ocorreu durante a quinta troca de reféns por prisioneiros palestinos, viabilizada por uma trégua entre Israel e o Hamas.
Em contrapartida à soltura dos três reféns, Israel liberou 183 prisioneiros palestinos, incluindo 18 condenados à prisão perpétua, 54 com penas pesadas e 111 detidos em Gaza após o ataque do Hamas em 7 de outubro de 2023. O ataque inicial do grupo resultou na morte de 1.200 pessoas e no sequestro de cerca de 250 reféns, entre israelenses e estrangeiros.
Famílias em choque com estado dos reféns
Michal Cohen, parente de Ohad Ben Ami, relatou o impacto ao vê-lo após sua libertação. “Ele tem 56 anos, mas parece pelo menos dez anos mais velho. É de partir o coração vê-lo assim”, desabafou. Ben Ami foi sequestrado junto com sua esposa, Raz Ben Ami, no kibutz Be’eri. Ela havia sido libertada em novembro.
O irmão de Or Levy, Tal Levy, também expressou choque ao ver as imagens do resgate. “É muito difícil vê-lo depois de tudo o que ele passou. Mas ele está voltando, vai se recuperar e ficará bem”, afirmou. Or Levy, de 34 anos, foi sequestrado no Festival de Música Supernova junto com sua esposa, Eynav, que foi assassinada pelo Hamas.
A ativista Einav Zangauker, em um vídeo, responsabilizou o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pela condição dos reféns. “Netanyahu, você vê como eles estão? Por meses, gritamos que estavam morrendo de fome e sendo abusados. O que achou que aconteceria enquanto você adiava o cessar-fogo?”, questionou.
Libertação dos reféns foi marcada por exibição pública
A libertação dos três israelenses foi acompanhada por dezenas de combatentes do Hamas mascarados, que cercaram um pódio onde os reféns foram apresentados diante de bandeiras do grupo e fotos de tanques israelenses destruídos. O Fórum das Famílias de Reféns denunciou o que chamou de “imagens chocantes”, destacando que os libertados foram forçados a falar em público por um militante encapuzado do Hamas.
O presidente de Israel, Isaac Herzog, classificou o episódio como “um espetáculo cínico e cruel” e um “crime contra a Humanidade”. Netanyahu, por sua vez, afirmou que as imagens “não ficarão sem resposta”.
Trégua frágil e negociações incertas
A troca de reféns acontece em meio a um cessar-fogo frágil, que visa encerrar o conflito mais mortal entre Israel e Hamas. Além da libertação de reféns, o acordo permitiu a entrada de mais ajuda humanitária na Faixa de Gaza e o retorno de milhares de palestinos ao norte do território devastado pela guerra. Ao todo, espera-se que 33 reféns israelenses sejam trocados por quase 2 mil prisioneiros palestinos.
Entretanto, Israel acredita que um terço ou até metade dos quase 90 reféns que ainda permanecem em Gaza possam estar mortos. O Hamas já afirmou que não libertará os reféns restantes sem o fim definitivo da guerra, enquanto Netanyahu mantém sua promessa de destruir o grupo e seu controle sobre Gaza, que já dura 18 anos.
A guerra, que já dura mais de 15 meses, deixou pelo menos 47 mil palestinos mortos e grande parte da Faixa de Gaza em ruínas.