A Rússia acusou a Ucrânia de realizar um ataque com mísseis de longo alcance, lançados com o apoio dos Estados Unidos e do Reino Unido, e prometeu uma resposta imediata. De acordo com o Ministério da Defesa russo, seis mísseis ATACMS, fabricados nos Estados Unidos, e quatro mísseis Storm Shadow, fabricados no Reino Unido, foram disparados contra a região de Rostov, no sul da Rússia, na quarta-feira (18).
O governo russo afirmou que, embora as forças ucranianas tenham lançado os mísseis, a defesa russa conseguiu interceptar todos os ATACMS e três dos quatro Storm Shadow. Apesar do sucesso das defesas, Moscou garantiu que o ataque não ficaria sem resposta. “A Rússia tomará as medidas necessárias em retaliação”, anunciou o Ministério da Defesa.
Aumento da tensão no campo de batalha e no discurso político
A acusação ocorre no mesmo dia em que o presidente russo, Vladimir Putin, conduziu sua coletiva de imprensa anual, onde atualizou a população sobre o andamento da guerra na Ucrânia e fez novas ameaças ao Ocidente. Em uma retórica desafiadora, Putin mencionou a possibilidade de um “duelo” de alta tecnologia com os Estados Unidos, envolvendo o novo míssil hipersônico russo, o Oreshnik. Segundo Putin, a Rússia estaria pronta para disparar os Oreshnik contra alvos estratégicos em Kiev, caso a Ucrânia continue utilizando mísseis ocidentais para atacar território russo.
Putin também reafirmou sua posição sobre a guerra, alegando que, se tivesse agido mais cedo, a invasão da Ucrânia poderia ter sido evitada. O presidente russo renovou ainda a ameaça de escalada, se o Ocidente continuar fornecendo armas à Ucrânia. Em resposta às acusações de Moscou, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky questionou a sanidade de Putin, sugerindo que as declarações do líder russo indicam uma mentalidade perigosa.
Ataques com mísseis de longo alcance
Desde o mês passado, a Ucrânia tem lançado mísseis ATACMS e Storm Shadow contra a Rússia, após a aprovação dos Estados Unidos e do Reino Unido para o envio das armas de longo alcance. Moscou considera esses ataques uma escalada do envolvimento ocidental no conflito e acusa Washington e Londres de se tornarem “partes diretas” da guerra.
Os mísseis ATACMS, fornecidos pelos EUA, têm um alcance de até 300 quilômetros, permitindo que a Ucrânia realize ataques a distâncias consideráveis no território russo. Já os Storm Shadow, fornecidos pelo Reino Unido, têm capacidade similar e foram usados pela Ucrânia em ataques contra alvos estratégicos.
A utilização dessas armas avançadas aumentou a tensão no conflito, com a Rússia já respondendo com novos tipos de mísseis. Em 21 de novembro, o exército russo disparou o Oreshnik, um míssil hipersônico que até então era desconhecido, contra a cidade ucraniana de Dnipro. A ação surpreendeu a comunidade internacional, que até aquele momento não tinha informações sobre o desenvolvimento do Oreshnik, um armamento que Putin tem promovido como “invencível”.
A ameaça do “duelo” de mísseis
Durante sua coletiva, Putin sugeriu um “duelo” de alta tecnologia, no qual a Rússia lançaria seus Oreshniks contra as defesas aéreas de Kiev, que, segundo ele, seriam interceptados pelos sistemas de defesa antimísseis fornecidos pelos países ocidentais. Esta declaração parece ser parte de uma retórica agressiva da Rússia para intimidar tanto a Ucrânia quanto o Ocidente, mostrando a disposição de Moscou em intensificar o uso de suas novas armas no conflito.
A resposta de Zelensky
Em resposta à retórica de Putin, o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky criticou a postura do líder russo, perguntando em tom de ironia: “Vocês acham que ele é uma pessoa sã?”. Zelensky também enfatizou a necessidade urgente de garantias de segurança mais robustas para a Ucrânia, a fim de enfrentar a crescente ameaça russa. Ele apelou à comunidade internacional para um apoio mais firme contra as ações de Putin, especialmente no que diz respeito ao fornecimento de armas de defesa à Ucrânia.
Impacto geopolítico e futuro do conflito
O ataque com mísseis de longo alcance, somado às ameaças de escalada feitas por Putin, indica que o conflito entre a Rússia e a Ucrânia deve continuar a se intensificar. A maior presença de armamentos ocidentais no teatro de operações está elevando o nível da guerra, com Moscou apontando o Ocidente como responsável pela prolongação do conflito.
A situação também coloca em questão o papel de países como os Estados Unidos e o Reino Unido, que têm fornecido suporte militar crucial para a Ucrânia. A Rússia, por sua vez, adverte que, enquanto a Ucrânia usar essas armas, continuará a responder com força total.
A dinâmica política interna da Rússia também tem sido moldada por esse conflito, com Putin buscando consolidar seu poder através de declarações nacionalistas e desafios ao Ocidente. Sua postura agressiva, tanto no campo militar quanto diplomático, demonstra que o presidente russo está determinado a escalar a guerra, a menos que o Ocidente revise seu apoio à Ucrânia.
Enquanto isso, a Ucrânia segue em busca de mais apoio e de garantias de segurança internacionais, sabendo que a resistência contra a Rússia dependerá, em grande parte, da continuidade do fornecimento de armas e do fortalecimento de sua defesa aérea. A guerra, que já se estende por mais de um ano, continua a ser uma batalha por poder, território e influência, com implicações profundas para a segurança global.