O governo russo emitiu um sério alerta aos Estados Unidos e seus aliados ocidentais sobre os riscos crescentes de uma Terceira Guerra Mundial, caso a escalada no conflito na Ucrânia continue. O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, afirmou nesta terça-feira (27) que o Ocidente está “brincando com fogo” ao considerar permitir que a Ucrânia ataque profundamente o território russo com mísseis fornecidos por países ocidentais.
Lavrov, que tem sido uma figura central na diplomacia russa por mais de duas décadas, acusou o Ocidente de intensificar a guerra na Ucrânia e de “procurar problemas” ao considerar os pedidos de Kiev para reduzir as restrições ao uso de armas ocidentais. Ele advertiu que uma possível Terceira Guerra Mundial não se limitaria à Europa, sugerindo um conflito global de proporções devastadoras.
O alerta vem após a Ucrânia ter realizado um ataque significativo na região de Kursk, dentro do território russo, no início de agosto. Este foi considerado o maior ataque estrangeiro à Rússia desde a Segunda Guerra Mundial, no qual a Ucrânia conquistou uma porção do território russo. Em resposta, o presidente Vladimir Putin prometeu uma retaliação “digna” da Rússia.
Lavrov reforçou as preocupações de Moscou sobre o envolvimento ocidental no conflito, comparando a situação a “crianças pequenas brincando com fósforos” e destacando os perigos de se lidar de forma imprudente com armas nucleares. Ele também mencionou que a Rússia está revisando sua doutrina nuclear, que define os cenários em que o uso de armas nucleares seria considerado, incluindo em situações onde a existência do Estado russo esteja ameaçada.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anteriormente minimizou as ameaças de retaliação de Moscou, considerando-as um blefe. Ele tem pressionado seus aliados a serem mais ousados em fornecer apoio militar, permitindo à Ucrânia utilizar de forma mais ampla os armamentos ocidentais contra alvos militares russos.
Enquanto isso, o governo dos EUA negou qualquer participação direta no ataque a Kursk, afirmando que não foi informado dos planos ucranianos antes da incursão. No entanto, fontes ocidentais, incluindo o New York Times, relataram que Washington e Londres forneceram inteligência para ajudar a Ucrânia a monitorar os movimentos de reforços russos na região.
Moscou, por sua vez, rejeitou essas alegações e insistiu que o envolvimento dos Estados Unidos no ataque era “um fato óbvio”, sinalizando um agravamento nas já tensas relações entre a Rússia e o Ocidente. A situação continua a escalar, aumentando os temores de um conflito global de maiores proporções.