Em um marco inédito na guerra iniciada em 2022, a Rússia lançou, nesta quinta-feira (21), um míssil balístico intercontinental (ICBM) contra a Ucrânia, de acordo com informações da Força Aérea ucraniana. O míssil, lançado da região de Astrakhan, no sul da Rússia, percorreu cerca de 1.000 km até atingir a cidade de Dnipro, no centro-leste ucraniano, causando danos em infraestrutura crítica e ferindo dois civis.
Ataque de longo alcance
O ataque foi direcionado a instalações industriais e infraestrutura crítica, segundo o governador regional Serhiy Lysak. A investida gerou incêndios na região atingida, mas as autoridades locais confirmaram que o míssil não estava equipado com uma ogiva nuclear. Um míssil intercontinental como o usado pela Rússia tem capacidade de transporte de ogivas nucleares e pode atingir distâncias superiores a 5.600 km, sendo uma arma de poder devastador.
Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, condenou o ataque e chamou o presidente russo Vladimir Putin de “maluco”. “Hoje, nosso insano vizinho revelou sua verdadeira natureza. Foi um novo míssil russo, com velocidade e altitude que sugerem capacidades balísticas intercontinentais. As investigações estão em andamento”, afirmou.
Dimensão inédita na guerra
Especialistas internacionais, como Andrey Baklitskiy, do Instituto de Pesquisa para Desarmamento da ONU, destacaram o caráter inédito do uso militar de um ICBM. “Se confirmado, será a primeira vez na história que um míssil balístico intercontinental foi usado em combate real. Isso é totalmente sem precedentes”, declarou.
Além do ICBM, a Rússia também disparou um míssil hipersônico Kinzhal e sete mísseis de cruzeiro Kh-101, dos quais seis foram interceptados pelas defesas aéreas ucranianas. Moscou não se pronunciou oficialmente sobre o lançamento até o momento, e o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, afirmou não ter comentários.
Escalada de tensões
O ataque ocorre em um contexto de intensificação do conflito, marcado por ações recentes da Ucrânia em território russo com mísseis de longo alcance fornecidos pelos EUA e Reino Unido. Esses ataques, considerados pelo Kremlin uma “escalada significativa”, levaram Vladimir Putin a flexibilizar os parâmetros de uso do arsenal nuclear russo, permitindo uma resposta até mesmo a ataques convencionais apoiados por potências nucleares.
A guerra, que alcançou seu milésimo dia recentemente, também ganhou uma dimensão internacional com a chegada de tropas norte-coreanas para apoiar a Rússia, segundo fontes dos EUA. O novo cenário levou a uma mudança de postura por parte do governo Biden, que ampliou o apoio militar à Ucrânia, irritando Moscou.
Reações internacionais
Especialistas de defesa questionaram se os Estados Unidos foram informados previamente sobre o lançamento do míssil intercontinental, algo considerado crucial para evitar uma ativação não intencional de sistemas de alerta e represálias. A consultoria ucraniana Defense Express destacou a importância dessa comunicação em cenários de potencial escalada nuclear.
Enquanto isso, o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, voltou a prometer o fim da guerra caso seja eleito, mas sem detalhar como alcançaria esse objetivo. Ambos os lados do conflito intensificam seus esforços para fortalecer suas posições antes de possíveis negociações de paz, que não ocorrem desde os primeiros meses do confronto.
O uso de um míssil balístico intercontinental pela Rússia representa uma nova e alarmante etapa na guerra, com implicações tanto no campo de batalha quanto no cenário global. A comunidade internacional acompanha com preocupação os desdobramentos desse episódio, que pode redefinir os limites do conflito e suas consequências.