Rússia promete retaliar acusações dos EUA sobre interferência nas eleições presidenciais

A Rússia anunciou nesta quinta-feira (5) que tomará medidas retaliatórias contra os Estados Unidos em resposta às acusações recentes de interferência no processo eleitoral norte-americano. A Casa Branca havia denunciado que o Kremlin estaria utilizando empresas de fachada para tentar influenciar o resultado das eleições presidenciais de 2024, principalmente através da mídia estatal russa, como a emissora RT.

Na quarta-feira (4), os EUA apresentaram acusações de lavagem de dinheiro contra dois funcionários da RT, alegando que estariam envolvidos em um esquema para contratar uma empresa americana a fim de produzir conteúdo online com o objetivo de influenciar o pleito. Além disso, foram anunciadas sanções contra a RT e sua editora-chefe, Margarita Simonyan, acusada de buscar ampliar as divisões políticas nos Estados Unidos e minar o apoio à ajuda americana à Ucrânia.

Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia acusou os EUA de tentarem suprimir vozes dissidentes e manipular a opinião pública. A porta-voz do ministério, Maria Zakharova, afirmou que haverá uma retaliação às medidas americanas, alertando sobre possíveis sanções simétricas ou assimétricas, incluindo a expulsão de jornalistas americanos da Rússia.

Repressão à mídia e liberdade de imprensa

A tensão crescente entre os dois países ocorre em meio a um cenário de forte controle sobre a imprensa na Rússia desde a invasão da Ucrânia em 2022. Desde então, o Kremlin tem reforçado a repressão à mídia independente, fechando veículos e rotulando jornalistas e ativistas como “agentes estrangeiros”.

Organizações como a Repórteres Sem Fronteiras indicam que a Rússia ocupa a 162ª posição no ranking de liberdade de imprensa entre 180 países, enquanto os Estados Unidos estão na 55ª posição. O Kremlin, por outro lado, tem criticado a cobertura da mídia ocidental, afirmando que há uma abordagem tendenciosa sobre a guerra na Ucrânia.

RT ironiza acusações e nega interferência

A RT respondeu às acusações com ironia, afirmando que “três coisas são certas na vida: a morte, os impostos e a interferência da RT nas eleições dos EUA.” O canal deixou de operar nos EUA após a invasão da Ucrânia, quando grandes distribuidores de televisão cortaram seus serviços. Simonyan, por sua vez, disse que as acusações são uma tentativa de silenciar a RT como concorrente no cenário midiático.

O Kremlin continua negando as alegações de interferência, classificando-as como absurdas, ao passo que legisladores russos, como Maria Butina, sustentam que, independentemente de quem vença as eleições nos EUA, o único beneficiado será o complexo industrial-militar americano.

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