Sargento condenado por matar adolescente é expulso da PM após fuga e prisão nos EUA

O sargento Paulo Antônio de Souza Júnior, condenado pelo assassinato do adolescente Roberto Campos da Silva durante uma ação policial, foi oficialmente expulso da Polícia Militar (PM) após ter fugido de um presídio militar em Goiânia e sido preso nos Estados Unidos. A decisão de sua exclusão foi publicada no Diário Oficial do Estado de Goiás nesta quarta-feira (18), após votação unânime do conselho de ética da corporação.

De acordo com a decisão, a PM considerou que Paulo Antônio “não possui as condições para permanecer como policial militar da ativa”, sendo aplicada a sanção administrativa de exclusão “a bem da ética e disciplina”. Além de sua exclusão, as identidades militares do ex-sargento e de seus dependentes foram recolhidas.

Fuga e prisão nos EUA

Paulo Antônio de Souza Júnior estava foragido há 10 meses, após fugir de uma unidade militar em outubro de 2023, onde cumpria pena trabalhando para remissão de sua condenação. Segundo a Polícia Militar, ele não retornou ao presídio após o expediente administrativo.

O ex-militar foi capturado em 27 de julho deste ano em Atlanta, no estado da Geórgia, por uma agência americana especializada na prisão de imigrantes em situação irregular. Seu nome havia sido incluído na lista vermelha de difusão da Interpol, quatro meses após sua fuga.

Condenação por assassinato

Paulo Antônio foi condenado a 21 anos e 4 meses de prisão pela morte de Roberto Campos da Silva, de 16 anos, e por ferir o pai da vítima, Roberto Lourenço, em 2017. O crime ocorreu em Goiânia, quando o adolescente foi atingido por mais de dez disparos após uma confusão envolvendo policiais à paisana. Os outros dois policiais envolvidos, Rogério Rangel Araújo Silva e Cláudio Henrique da Silva, também foram condenados a 10 anos e 8 meses de prisão cada.

Segundo o relato do pai de Robertinho, os policiais desligaram o relógio de energia da casa, o que gerou pânico na família. Roberto Lourenço, acreditando se tratar de uma tentativa de assalto, atirou para o alto, momento em que os policiais reagiram disparando vários tiros em direção à casa, matando seu filho e ferindo-o gravemente. Os policiais alegaram legítima defesa durante o julgamento, mas as provas indicaram abuso de força.

O pai do adolescente, que sobreviveu ao ataque, ainda vive com projéteis no corpo e lida com dores constantes, resultado dos ferimentos que sofreu. Em entrevista ao g1, ele descreveu a dor da perda do filho como “uma dor sem fim”, que parece não ter diminuído com o tempo.

Repercussão

A expulsão de Paulo Antônio de Souza Júnior encerra um capítulo de anos de polêmicas em torno do caso, que teve vários adiamentos judiciais até o julgamento e a condenação final. A prisão nos EUA e sua subsequente extradição foram vistas como um passo importante no cumprimento de sua sentença. Até a última atualização, a defesa do ex-sargento não havia se pronunciado sobre o caso.

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