O Serviço Postal dos Estados Unidos (USPS) anunciou a suspensão temporária das encomendas recebidas da China e de Hong Kong. A decisão ocorre após o presidente Donald Trump fechar uma brecha comercial que permitia a importação de pacotes de baixo valor sem a aplicação de tarifas. A medida impacta varejistas como Shein e Temu, que utilizavam essa isenção para enviar produtos diretamente aos consumidores americanos.
Trump impôs uma tarifa adicional de 10% sobre produtos chineses, que entrou em vigor na terça-feira (4), e determinou o fechamento da “brecha de minimis”, que isentava pacotes abaixo de US$ 800 de taxas alfandegárias. O USPS esclareceu que a medida não afetará o envio de cartas e documentos.
Impacto no E-commerce e na Logística
O fim da isenção representa um desafio para o setor de e-commerce. Relatório do Congresso dos EUA de junho de 2023 apontou que Shein e Temu foram responsáveis por mais de 30% dos pacotes enviados ao país sob essa disposição. Quase metade de todas as remessas de minimis tinham origem na China.
Chelsey Tam, analista sênior de ações da Morningstar, comentou que o USPS precisará de tempo para implementar a nova tributação. “Havia cerca de 4 milhões de pacotes de minimis diários em 2024. Verificar todos é um desafio significativo”, afirmou Tam.
Especialistas avaliam que, embora os custos aumentem, a demanda pode permanecer forte. “O e-commerce chinês cresceu de 20% a 30% no ano passado. Será necessária uma medida mais drástica para reduzir essa demanda”, disse Niall van de Wouw, diretor de frete aéreo da Xeneta.
Shein e Temu já buscam alternativas, como aumentar fornecedores fora da China, abrir armazéns nos EUA e integrar mais vendedores americanos, mas ainda dependem amplamente da produção chinesa.
Contexto da Guerra Comercial EUA-China
A decisão de Trump faz parte de uma escalada na guerra comercial entre EUA e China. Pequim anunciou barreiras contra produtos americanos em resposta às novas tarifas, que entram em vigor no dia 10 de fevereiro.
Desde que assumiu o cargo, Trump tem usado tarifas como estratégia de negociação e pressão sobre Pequim, especialmente devido às acusações de que a China facilita o fluxo de fentanil para os EUA. No último sábado (1º), Trump assinou decretos impondo taxas de 10% sobre produtos chineses e de 25% sobre importações do México e do Canadá.
Em resposta, o Ministério do Comércio da China afirmou que as tarifas violam regras da Organização Mundial do Comércio (OMC) e prometeu defender seus interesses comerciais.