Os mercados financeiros globais estão em um estado de alta tensão enquanto aguardam as novas tarifas que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, planeja anunciar nesta quarta-feira (2). O presidente tem se referido ao dia como o “Dia da Libertação”, quando ele pretende impor uma série de novas tarifas comerciais que podem impactar significativamente o comércio global e a economia mundial.
As tarifas propostas podem afetar profundamente os lucros corporativos, o crescimento global, a inflação e até a política de taxas de juros do Federal Reserve. Embora os investidores tivessem começado o ano com expectativas de políticas pró-crescimento do governo Trump, eles agora se deparam com uma enxurrada de notícias relacionadas a tarifas, o que tem gerado incertezas no mercado.
Investidores de todo o mundo estão ansiosos por clareza sobre os detalhes do anúncio, mas permanecem inseguros sobre o impacto e as consequências a longo prazo. “Não me lembro de uma situação em que os riscos fossem tão altos e, ainda assim, o resultado fosse tão imprevisível”, disse Steve Sosnick, estrategista-chefe da Interactive Brokers. A falta de clareza sobre o tamanho e a natureza exata das tarifas tem dificultado a análise dos efeitos dessas medidas sobre a economia.
O ouro, tradicionalmente considerado um ativo seguro, se manteve perto de máximas recordes, e os mercados acionários europeus caíam, com os futuros do S&P e do Nasdaq também apresentando perdas. Na Ásia, o índice japonês Nikkei registrou o seu nível mais baixo desde setembro.
A Casa Branca, em declarações na véspera, informou que as novas tarifas entrarão em vigor assim que Trump as anunciar, com destaque para uma tarifa de 25% sobre as importações de automóveis, que deverá começar no dia 3 de abril. No entanto, a falta de detalhes sobre se as tarifas serão fixas ou mais fragmentadas tem tornado difícil calcular o impacto dessas medidas sobre os lucros das empresas, o crescimento econômico e a inflação.
“O ideal seria que obtivéssemos apenas um número e então pudéssemos calcular o impacto posterior”, comentou Sonu Varghese, estrategista macro global do Carson Group. “Mas meu receio é que não teremos isso ou, mesmo que consigamos um número, ele estará sujeito a negociações”, acrescentou.
O anúncio de hoje se torna ainda mais relevante depois que o S&P 500 passou por uma correção significativa em março, com uma queda de 10% em relação ao pico recente. A situação nos mercados está em um ponto crítico, com o mercado se preparando tanto para uma recuperação acentuada quanto para um possível colapso.
A crescente incerteza sobre as tarifas e o impacto no mercado elevou o Índice de Volatilidade Cboe – também conhecido como o “indicador de medo” – ao nível mais alto em mais de duas semanas. Este aumento na volatilidade reflete a ansiedade dos investidores em relação ao que está por vir.
“Eu acho que o mercado está realmente prendendo a respiração”, afirmou Mark Spindel, diretor de investimentos da Potomac River Capital LLC, que prevê que o indicador de medo poderá chegar a 30, um nível associado a uma alta aversão ao risco nos mercados financeiros.
Com o futuro econômico ainda incerto, o “tarifaço” de Trump continua a ser um tema de grande preocupação para os mercados globais. O impacto dessas decisões poderá se estender por um longo período, moldando o cenário econômico e político global nos próximos meses.