Tarifas devem elevar preços de peixes e frutos do mar nos EUA, aponta relatório da ONU

Washington, 4 de junho de 2025 — As tensões comerciais globais podem impactar significativamente o comércio de produtos oceânicos e pressionar os preços de peixes e frutos do mar nos Estados Unidos, segundo um relatório divulgado nesta quarta-feira (4) pela Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).

De acordo com o documento, a imposição de tarifas sobre produtos marítimos deve gerar aumento de custos para consumidores e exportadores. O relatório destaca que os Estados Unidos, que importam cerca de US$ 16 bilhões em peixes anualmente e exportam US$ 4,5 bilhões, são especialmente vulneráveis a esse cenário.

O relatório aponta que o governo norte-americano impôs tarifas de 10% sobre quase todos os alimentos marítimos, enquanto produtos provenientes da China estão sujeitos a tarifas de até 30%.

“É provável que os preços dos produtos pesqueiros aumentem devido à capacidade limitada de aumentar a produção local”, afirma o relatório da UNCTAD. Entre os fatores citados estão os estoques reduzidos de peixes selvagens, em função da pesca excessiva, e o tempo necessário para ampliar a produção de aquicultura. Como exemplo, o documento menciona que fazendas de salmão operam em ciclos de produção que levam, em média, três anos.

O impacto também pode ser sentido fora dos Estados Unidos. O Brasil, que exporta 55% de seus produtos primários de peixe para os mercados norte-americano e chinês, pode ser levado a redirecionar suas exportações para o mercado interno ou para outros parceiros comerciais, segundo a análise da ONU.

Além dos efeitos diretos sobre o comércio de alimentos marítimos, o setor de transporte marítimo também pode enfrentar desafios. A redução na demanda por certas rotas e o aumento dos custos operacionais, especialmente devido às tarifas sobre aço e alumínio — que impactam a construção e manutenção de navios —, são apontados como fatores adicionais de pressão.

O relatório também alerta para riscos estruturais mais amplos que ameaçam o comércio oceânico, como as mudanças climáticas, a pesca excessiva e a perda de biodiversidade marinha.

“Tarifas mais altas ou voláteis sobre produtos marítimos provavelmente interromperão os fluxos tradicionais de comércio, afetando tanto os consumidores quanto os exportadores”, conclui o documento da UNCTAD.

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