Trump ameaça taxar vinhos europeus em 200% caso UE não retire tarifa sobre uísque americano

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, intensificou suas ameaças à União Europeia, prometendo impor uma tarifa de 200% sobre vinhos e outros produtos alcoólicos provenientes do bloco europeu, caso a UE não remova uma tarifa de 50% sobre o uísque americano. A medida, anunciada na última quinta-feira (13), foi uma resposta à decisão da Comissão Europeia, que, no dia anterior, afirmou que aplicaria tarifas retaliatórias sobre produtos dos EUA, como o uísque, no valor de 26 bilhões de euros (aproximadamente US$ 28 bilhões). O objetivo é intensificar a guerra comercial iniciada por Trump, que já afetou as relações comerciais entre as duas regiões.

A UE, por sua vez, justificou suas tarifas como uma reação às altas tarifas impostas pelos EUA sobre o aço e o alumínio europeus. Apesar das tensões, a Comissão Europeia reforçou que permanece aberta a negociações, declarando que tarifas mais altas não são do interesse de nenhum dos lados.

Em suas redes sociais, Trump atacou a União Europeia, chamando-a de “uma das autoridades tributárias e tarifárias mais hostis e abusivas do mundo”. O presidente dos EUA também destacou que, se a tarifa sobre o uísque não fosse retirada, os Estados Unidos aplicariam a nova taxa de 200% sobre vinhos, champanhes e outros produtos alcoólicos originários da França e de outros países europeus. “Isso será ótimo para os negócios de vinho e champanhe nos EUA”, escreveu Trump.

Impactos econômicos e repercussões globais

A medida de Trump pode ter sérias repercussões para a indústria de vinhos europeus. Em 2024, a União Europeia exportou 4,9 bilhões de euros em vinhos para os EUA, o que corresponde a cerca de 29% das exportações totais de vinho do bloco. A França foi a maior exportadora, representando quase metade desse volume, seguida pela Itália com cerca de 40%.

A ameaça de tarifas mais altas abalou a confiança de investidores e consumidores, além de gerar preocupações com uma possível recessão global. As relações comerciais entre os EUA e outros aliados também foram prejudicadas pela postura agressiva de Trump, com o Canadá sendo outro alvo frequente de ameaças de tarifas.

Além do uísque, outros produtos europeus, como aço, alumínio, têxteis, eletrodomésticos, plásticos e alimentos (como carne bovina, ovos, laticínios e vegetais), também estão na lista de itens que podem ser alvo das tarifas da União Europeia a partir de abril.

Aumento das tensões comerciais

A Comissão Europeia anunciou que suas novas tarifas estarão totalmente em vigor até 13 de abril, após a suspensão atual, que expira no dia 1º de abril. A medida gerou uma resposta negativa das indústrias europeias de bebidas e cosméticos, que temem os impactos sobre o comércio com os EUA, especialmente em um momento de fragilidade econômica global.

No entanto, Trump manteve sua posição firme e afirmou que não mudaria sua abordagem de tarifas, reforçando sua narrativa de que os EUA foram “enganados por anos” e não seriam mais vítimas de práticas comerciais desleais. “Nós não seremos enganados”, afirmou Trump em uma reunião com o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, na quinta-feira.

Mercados em queda

A escalada da guerra comercial entre EUA e União Europeia também teve efeitos nos mercados financeiros. Os índices de ações dos EUA caíram, refletindo as preocupações com o impacto econômico das novas tarifas, enquanto as ações de fabricantes de bebidas alcoólicas europeias também sofreram perdas. As próximas semanas prometem ser cruciais para a definição do rumo das relações comerciais globais e das estratégias tarifárias adotadas por Trump e pela UE.

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