Trump anuncia tarifa de 100% sobre filmes estrangeiros

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou neste domingo (4) a autorização para a aplicação de uma tarifa de 100% sobre filmes produzidos fora dos EUA, alegando que a medida é necessária para proteger a indústria cinematográfica americana, que, segundo ele, está “morrendo muito rápido” diante de incentivos oferecidos por outros países a produtores e estúdios.

Trump afirmou que o Departamento de Comércio e o Escritório do Representante Comercial dos EUA foram autorizados a implementar a nova tarifa. No entanto, não foram divulgados detalhes sobre como, quando ou onde ela será aplicada. Em tom nacionalista, o presidente declarou: “Queremos filmes feitos na América novamente”, sugerindo que a terceirização das produções representa uma ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos.

Indefinições preocupam o setor

A proposta ainda levanta diversas dúvidas. Como filmes são propriedade intelectual, e não produtos físicos, não está claro quem será taxado — se distribuidoras, plataformas de streaming, ou cinemas. Além disso, não foi especificado se a medida afetará também filmes de estúdios americanos filmados no exterior, prática comum para redução de custos.

Especialistas alertam que os custos poderão ser repassados aos consumidores, encarecendo o acesso aos conteúdos. Segundo Timothy Richards, da rede europeia de cinemas Vue, a tarifa pode desestimular a produção fora dos EUA, afetando países como Canadá, Reino Unido, Hungria e Itália, que hoje sediam diversas filmagens.

Repercussões internacionais e no Brasil

A reação internacional foi imediata. Críticos da medida apontam que os Estados Unidos, historicamente dominantes no mercado audiovisual global, agora adotam uma postura protecionista, contradizendo o próprio modelo que exportaram por décadas.

No Brasil, o impacto direto deve ser limitado, já que os filmes nacionais têm baixa presença nas salas de cinema americanas. Contudo, segundo Felipe Lopes, presidente da Andai (Associação Nacional das Distribuidoras Audiovisuais Independentes), a tarifa pode reduzir ainda mais a variedade de filmes internacionais disponíveis nos EUA, inclusive em serviços de streaming.

Lopes também vê o momento como uma oportunidade para o Brasil reforçar sua soberania cultural, defendendo a implementação de políticas de incentivo à produção nacional e de regras que obriguem plataformas digitais a investir em conteúdo local.

Incertezas permanecem

Sem um plano detalhado, o setor aguarda esclarecimentos sobre a aplicação da medida. Até lá, a tarifa anunciada por Trump segue gerando dúvidas jurídicas, logísticas e comerciais, além de acender um alerta global sobre os rumos da política cultural da maior potência audiovisual do planeta.

Relacionadas

Últimas notícias