O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou nesta quinta-feira (13) um memorando determinando a imposição de tarifas recíprocas para países que cobram taxas de importação de produtos americanos. A medida faz parte do “Plano Justo e Recíproco”, que busca corrigir desequilíbrios no comércio internacional e garantir justiça comercial.
Um dos exemplos citados pela Casa Branca é o etanol brasileiro. Atualmente, os EUA impõem uma tarifa de 2,5% sobre o etanol importado, enquanto o Brasil cobra 18% sobre as exportações americanas do produto. Segundo o governo, essa disparidade resultou em um déficit significativo na balança comercial do setor.
A União Europeia também foi mencionada no comunicado oficial, pois impõe uma tarifa de 10% sobre carros americanos, enquanto os EUA cobram apenas 2,5%. Além disso, os EUA permitem a importação de mariscos da UE, mas 48 estados americanos são proibidos de exportar o produto para o bloco europeu.
As tarifas recíprocas não entram em vigor imediatamente, pois a equipe de comércio de Trump ainda estuda os impactos das relações bilaterais. Desde sua campanha, o presidente tem enfatizado a necessidade de favorecer a atividade industrial dos EUA, reduzindo a concorrência estrangeira.
Na última segunda-feira (10), Trump assinou um decreto que impõe tarifas de 25% para importações de aço e alumínio a partir de 12 de março. Ele também ameaçou ampliar a medida para setores como automotivo, semicondutores e produtos farmacêuticos.
A iniciativa tem gerado preocupação entre economistas, que alertam para os riscos de uma guerra comercial em larga escala. O aumento de tarifas pode pressionar a inflação nos EUA, afetando a política monetária do Federal Reserve (Fed). O índice de preços ao consumidor já alcançou 3% em janeiro, reduzindo as chances de cortes nas taxas de juros americanas.
As medidas de Trump também podem impactar a economia global. A valorização do dólar tende a provocar a fuga de capitais de mercados emergentes, como o Brasil, e pode forçar o Banco Central a elevar a taxa Selic para conter impactos cambiais. Além disso, a imposição de tarifas contra a China pode levar a uma desaceleração econômica do país asiático, afetando mercados que dependem de sua demanda.
Apesar da retórica agressiva de Trump, especialistas apontam que a estratégia pode servir como instrumento de negociação para novos acordos comerciais. No entanto, o impacto real dessas tarifas ainda dependerá da reação dos parceiros comerciais dos EUA e da evolução do cenário econômico global.