Trump chama Zelensky de ‘ditador’ e faz ameaças sobre futuro da Ucrânia

Em uma postagem na rede social Truth Social nesta quarta-feira (19), o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, fez duras críticas ao presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, chamando-o de “ditador” e sugerindo que ele poderia perder o controle de seu país caso não aceitasse os termos impostos por Washington.

Críticas e ameaças

Trump afirmou que está “negociando com sucesso o fim da guerra com a Rússia” e acusou Zelensky de ser “um ditador sem eleições”. “É melhor que Zelensky aja rapidamente ou não lhe restará um país”, afirmou o presidente norte-americano.

A declaração ocorre após Zelensky rejeitar um acordo proposto pelos EUA para trocar terras ricas em minerais na Ucrânia por apoio econômico e militar. O presidente ucraniano rebateu as falas de Trump afirmando que “não pode vender a Ucrânia” e criticou a pressão exercida pelo governo norte-americano.

Negociações e exclusão da Ucrânia

Trump tem conduzido negociações diretas com o presidente russo, Vladimir Putin, para encerrar o conflito na Ucrânia. No início do mês, ele realizou uma chamada telefônica com o líder russo e iniciou tratativas, sem a participação da Ucrânia, para um possível acordo de paz.

Essa exclusão da Ucrânia nas conversas gerou críticas de Zelensky e de líderes europeus, que defendem que qualquer acordo precisa envolver diretamente o governo ucraniano. O presidente ucraniano havia dito anteriormente que estava disposto a dialogar com os EUA para deter Putin, mas, após ser deixado de fora das negociações, endureceu o discurso e reiterou que não aceitará a entrega de terras como moeda de troca.

Disputa por recursos e novas eleições

No mesmo post, Trump também criticou a administração anterior de Joe Biden, alegando que os EUA gastaram US$ 350 bilhões em ajuda à Ucrânia sem retorno financeiro. O presidente americano ainda sugeriu que a popularidade de Zelensky está em queda e que o país deveria realizar novas eleições.

Atualmente, a Ucrânia vive sob Lei Marcial devido ao conflito com a Rússia, e as eleições presidenciais que estavam programadas para março de 2024 foram canceladas. Trump questionou esse cancelamento e sugeriu que Zelensky pode estar evitando um novo pleito por temer uma derrota.

Reação ucraniana e impacto internacional

Em resposta às falas de Trump, Zelensky reforçou sua posição de não negociar terras em troca de apoio militar e econômico. O presidente ucraniano afirmou que os EUA não ofereceram garantias concretas de segurança e que a proposta feita por Trump era inaceitável. Segundo ele, seu governo já recebeu cerca de US$ 67 bilhões em armamentos e US$ 31,5 bilhões em apoio financeiro, mas Washington agora exige o equivalente a US$ 500 bilhões em recursos minerais ucranianos como reembolso.

A imprensa norte-americana relatou que Trump pode ter usado informações imprecisas para justificar suas críticas. O jornal “The New York Times” afirmou que ele exagerou nos dados sobre recursos enviados para a Ucrânia e que sua avaliação da popularidade de Zelensky pode não refletir a realidade.

Encontro na Arábia Saudita

Nesta terça-feira (18), representantes dos EUA e da Rússia se reuniram na Arábia Saudita para discutir um possível acordo de paz. A Ucrânia foi deixada de fora da reunião, o que aumentou as tensões entre Kiev e Washington.

Durante a reunião, a Rússia reforçou que não aceitará a inclusão da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). O assessor de política externa do Kremlin, Yuri Ushakov, disse que o encontro foi “uma conversa séria sobre todas as questões” e que avanços podem ser feitos em breve.

O próximo passo deve ser um encontro entre Trump e Putin, cuja agenda ainda está em definição.

Cenário incerto

As declarações de Trump intensificam a tensão entre EUA e Ucrânia e colocam em xeque o futuro do apoio norte-americano ao país. Enquanto o governo ucraniano resiste às exigências de Washington, Trump segue adiantando negociações com Putin, o que pode redesenhar os rumos da guerra e das relações internacionais.

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