O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou em entrevista à ‘Fox News’ que os palestinos retirados da Faixa de Gaza sob seu plano não teriam direito de retornar ao território. Durante a conversa, Trump reafirmou sua intenção de que os EUA assumam o controle de Gaza no pós-guerra e declarou que “ele seria o dono” da região.
Questionado sobre a possibilidade de os palestinos voltarem ao território caso desejassem, Trump foi categórico: “Não, [os palestinos] não poderiam [voltar]. Porque eles vão ter condições de moradia bem melhores. Estou falando sobre construir um lugar permanente para eles, porque se tiverem que voltar agora demoraria anos para poderem voltar, não está habitável. Acho que consigo fazer um acordo com a Jordânia e o Egito, damos bilhões e bilhões de dólares por ano [para eles]”.
Trump reiterou que pretende transformar Gaza em uma “Riviera do Oriente Médio” e destacou seu interesse econômico na região, sem mencionar o sentimento de pertencimento dos palestinos ao território. “Vamos construir comunidades bonitas e seguras para os 1,9 milhão de pessoas [de Gaza] um pouquinho longe de onde eles estão agora, onde fica todo esse perigo. No meio tempo, seria o dono disso [Gaza]. Pense nisso como um empreendimento imobiliário para o futuro. Seria um pedaço de terra lindo, sem grandes quantias gastas”, disse.
Planos dos EUA para Gaza geram repercussão internacional
A proposta de Trump de assumir o controle de Gaza foi revelada inicialmente em um pronunciamento ao lado do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. O plano inclui a manutenção de uma “posição de posse de longo prazo” sobre o território e demonstra um interesse econômico dos EUA na região.
Os Estados Unidos são os principais aliados de Israel, que trava uma guerra contra o grupo Hamas em Gaza desde outubro de 2023. Atualmente, um cessar-fogo está em vigor desde 19 de janeiro, visando a libertação de reféns israelenses e o encerramento do conflito.
Trump compromete-se com posse de Gaza e reconstrução
No último domingo (9), Trump reafirmou seu compromisso com a compra e posse de Gaza, mas sugeriu que outros países do Oriente Médio poderiam colaborar na reconstrução do território. “Estou comprometido com a compra e a posse de Gaza. No que diz respeito à reconstrução, podemos dar a outros países do Oriente Médio a oportunidade de construir seções da Faixa de Gaza, outras pessoas podem fazê-lo… Mas estamos comprometidos em possuí-la, tomá-la e garantir que o Hamas não volte para lá”, disse o presidente a bordo do Air Force One.
Trump também enfatizou que não há mais nada para onde os palestinos possam voltar. “O local está demolido. O restante será demolido. Tudo foi demolido”, afirmou.
Ainda, o presidente americano afirmou que poderia considerar permitir a entrada de alguns refugiados palestinos nos EUA, mas que avaliaria cada solicitação individualmente.
Pouco depois de assumir seu segundo mandato presidencial em 20 de janeiro, Trump lançou a ideia de que os EUA assumiriam o controle de Gaza e liderariam um esforço massivo de reconstrução. No entanto, sua declaração foi vaga quanto ao destino dos palestinos que sobreviveram mais de um ano de bombardeios israelenses.
A proposta de Trump gerou duras críticas da comunidade internacional, e ainda não está claro sob qual autoridade os EUA poderiam assumir o controle da Faixa de Gaza.