O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, protagonizaram um encontro tenso nesta sexta-feira (28) na Casa Branca. Trump levantou a voz e chamou o líder ucraniano de “desrespeitoso” com os EUA, em meio a discussões sobre a guerra contra a Rússia e um acordo de exploração de minerais na Ucrânia.
Acordo sobre terras raras
Durante o encontro, Trump confirmou que Zelensky assinará um acordo com os EUA para a exploração de minerais raros na Ucrânia. Essas terras, altamente concentradas no leste do país, serão exploradas pelos Estados Unidos, e, em troca, a Ucrânia receberá segurança contra ameaças russas.
Zelensky demonstrou esperança em relação ao acordo, afirmando que ele representa “um passo à frente para a Ucrânia” e que deseja discutir os compromissos dos EUA com o país. Trump, por sua vez, considerou o acordo “bem justo” e destacou que tem mantido boas discussões com o presidente russo, Vladimir Putin, nos últimos dias.
Tensão entre os líderes
O encontro ocorre em meio a negociações entre EUA e Rússia para encerrar a guerra na Ucrânia. No entanto, países europeus criticaram os EUA por não incluírem a Ucrânia e outras nações da União Europeia nessas negociações.
Nos dias que antecederam o encontro, Trump e Zelensky trocaram críticas públicas. Zelensky acusou Trump de estar influenciado por uma “bolha de desinformação russa” devido ao seu alinhamento com Putin. Em resposta, Trump chamou Zelensky de “ditador sem eleições” e o pressionou a assinar o acordo de minerais, alertando que “não restará a ele um país” caso recuse.
Na quinta-feira (27), Trump evitou responder se pediria desculpas a Zelensky pelo insulto. Durante coletiva de imprensa ao lado do primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, Trump declarou apenas que tem “grande respeito” pelo líder ucraniano.
Negociações de paz e apoio à Otan
Trump reafirmou que a paz na Ucrânia precisa ser negociada rapidamente, caso contrário, pode nunca acontecer. Ele afirmou que Putin “manterá a palavra” em um eventual tratado e expressou esperança em uma “paz duradoura”.
Além disso, o presidente americano cobrou dos países europeus um aumento nos investimentos em segurança e na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Ele reiterou apoio à defesa coletiva da aliança, mas afirmou que espera que tal medida não seja necessária.
Starmer, por sua vez, defendeu uma negociação justa para encerrar o conflito, sem “recompensas ao agressor”, referindo-se à Rússia. Ele também anunciou que 18 países europeus se reuniriam no Reino Unido no domingo (2) para debater a questão da Ucrânia.
Impacto geopolítico
O encontro entre Trump e Zelensky demonstra as complexas relações entre os EUA e a Ucrânia, em um momento em que Washington busca um equilíbrio entre apoiar Kiev e manter boas relações com Moscou. O acordo sobre a exploração de minerais pode representar um marco na relação bilateral, mas a postura agressiva de Trump levanta dúvidas sobre o futuro da colaboração entre os dois países.