O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (2) que o país está em um “período de transição” econômica e que, apesar dos sinais negativos recentes, os resultados futuros serão “fantásticos”. A declaração foi dada em entrevista à emissora NBC News e ocorre em meio a preocupações crescentes sobre os impactos da guerra comercial com a China e o aumento de tarifas sobre produtos importados.

Questionado sobre a possibilidade de uma recessão no curto prazo, Trump afirmou que “está tudo bem” e reforçou que a atual fase é parte de um processo de ajuste. “Acho que vamos nos sair fantasticamente”, disse o presidente, que também reiterou o pedido para que o Federal Reserve reduza as taxas de juros.

As declarações ocorrem após a divulgação de dados preliminares do Departamento do Comércio dos EUA indicando que o Produto Interno Bruto (PIB) do país recuou 0,3% no primeiro trimestre de 2025, em taxa anualizada — um resultado que contraria as expectativas de analistas, que previam crescimento de 0,3% no período.

Segundo economistas, a retração foi influenciada por um aumento nas importações, impulsionado por empresas que anteciparam compras para evitar tarifas mais altas. Além disso, há sinais de enfraquecimento no mercado interno: a confiança do consumidor está em um dos níveis mais baixos dos últimos cinco anos, e o sentimento empresarial também recuou.

Apesar disso, Trump apontou o mercado de trabalho como um indicativo da resiliência da economia. Em postagem nas redes sociais, disse que o país está “apenas começando” essa fase de transição e voltou a criticar a política monetária do banco central americano.

A retórica otimista contrasta com pesquisas recentes sobre a percepção pública em relação ao governo. Segundo levantamento do instituto Ipsos, em parceria com o Washington Post e a ABC News, apenas 39% dos americanos aprovam a gestão de Trump, enquanto 55% desaprovam. Trata-se do pior índice de aprovação para um presidente dos EUA nos primeiros 100 dias de mandato em oito décadas.

Na área econômica, 73% dos entrevistados disseram considerar que o país está em má situação, e 53% acreditam que as condições pioraram desde a posse de Trump. Quase metade (41%) relatou que suas finanças pessoais foram negativamente afetadas.

Durante discurso em Michigan nesta semana, Trump contestou os dados das pesquisas, afirmando que elas seriam “manipuladas” por entrevistarem mais democratas que republicanos. Segundo ele, sua aprovação real estaria próxima de 70%.

O cenário econômico e a avaliação pública de seu governo devem se manter como temas centrais nos próximos meses, especialmente em meio à continuidade das tensões comerciais com a China e aos efeitos ainda incertos das políticas tarifárias adotadas pela atual administração.