Em coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (7) em Mar-a-Lago, Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, afirmou não descartar o uso de medidas militares para assumir o controle do Canal do Panamá e da Groenlândia. Durante a sessão, Trump argumentou que esses territórios são cruciais para a “segurança econômica” dos Estados Unidos, reafirmando a importância geopolítica das regiões.
“Não posso garantir nada”, diz Trump
Ao ser questionado se poderia garantir que não usaria “coerção militar ou econômica” para obter controle sobre esses territórios, Trump respondeu diretamente: “Não, não posso garantir nada sobre nenhum dos dois, mas posso dizer que precisamos deles para a segurança econômica [dos EUA]”.
O republicano também criticou o histórico tratado que transferiu a administração do Canal do Panamá para o país latino-americano, concluído em 1999. “O Canal do Panamá é uma vergonha”, declarou, sugerindo que os Estados Unidos ficaram em desvantagem no acordo.
Plano para a Groenlândia e a Resposta ao Canadá
Sobre a Groenlândia, Trump não forneceu detalhes sobre como pretende proceder, mas a fala reforça declarações anteriores do republicano, que já havia demonstrado interesse na aquisição do território em 2019. Na ocasião, a proposta foi rejeitada pelo governo dinamarquês, que administra a Groenlândia como território autônomo.
Trump também descartou ações militares contra o Canadá, outro país que ele mencionou como alvo de negociações econômicas. “Não, força econômica”, limitou-se a dizer, sem detalhar quais estratégias poderiam ser adotadas.
Importância do Canal do Panamá
O Canal do Panamá é um marco histórico e estratégico, conectando os oceanos Atlântico e Pacífico. Construído pelos Estados Unidos no início do século XX, durante o governo do presidente Theodore Roosevelt, o canal desempenhou um papel crucial na ascensão dos EUA como potência global.
A administração do canal foi transferida gradualmente para o Panamá ao longo de duas décadas, após a assinatura de tratados durante o governo do presidente Jimmy Carter, em 1977. Apesar disso, os EUA mantêm o direito de intervir para garantir a neutralidade da hidrovia, conforme o Tratado de Neutralidade ratificado em 1978.
No entanto, o crescente envolvimento econômico da China na região tem despertado preocupações nos Estados Unidos. Analistas do Center for Strategic and International Studies alertam que a expansão das relações comerciais chinesas ao redor do canal pode exigir uma nova estratégia de reforço da presença americana no local.
Repercussões Internacionais
As declarações de Trump devem intensificar tensões diplomáticas, especialmente com o Panamá e a Dinamarca, que administra a Groenlândia. O governo do Panamá já rejeitou ameaças anteriores de Trump sobre retomar o controle do canal.
Analistas internacionais apontam que tais declarações podem complicar a política externa americana no início do novo mandato de Trump. “A postura de Trump reforça um tom agressivo que deve marcar suas relações internacionais, especialmente em regiões de interesse estratégico para os EUA”, afirmou Rachel Whitman, professora de Relações Internacionais na Universidade de Georgetown.
Enquanto isso, os planos de Trump para fortalecer a segurança econômica e militar dos Estados Unidos por meio dessas iniciativas permanecem incertos, levantando questionamentos sobre a viabilidade e as implicações de ações mais assertivas nas regiões citadas.