Trump planeja banir 15 mil militares trans das Forças Armadas dos EUA

Os militares transgênero nas Forças Armadas dos Estados Unidos estão novamente no centro de uma disputa política que reflete o vaivém de ordens executivas entre governos com visões opostas. O presidente eleito Donald Trump planeja dispensar cerca de 15 mil militares trans atualmente em serviço, revertendo a autorização implementada pelo governo de Joe Biden. A decisão, que cumpre uma promessa de campanha de Trump, busca restaurar uma política de seu primeiro mandato.

De acordo com informações do jornal britânico The Times, Trump deve emitir uma nova ordem executiva assim que tomar posse, declarando os militares transgênero inelegíveis para o serviço por “motivos médicos”. Além disso, a medida proibiria novos alistamentos de indivíduos trans. Embora a equipe de transição de Trump não tenha confirmado oficialmente a informação, o movimento é coerente com a retórica adotada pelo presidente eleito durante a campanha.

Retórica de campanha e promessas

Nos comícios, Trump frequentemente criticou iniciativas de inclusão no exército, classificando-as como “loucura trans”. Ele também prometeu impedir o Departamento de Assuntos de Veteranos de financiar cirurgias de afirmação de gênero, argumentando que os recursos deveriam ser direcionados para o atendimento de veteranos necessitados. “Restaurarei a proibição de transgêneros nas forças armadas”, afirmou em discurso.

O futuro secretário de Defesa, Pete Hegseth, reforçou a postura de Trump. O veterano de guerra e ex-apresentador da Fox News defendeu a expulsão de militares trans, alegando que sua presença traz “complicações” para o funcionamento das forças armadas. Hegseth também criticou iniciativas de diversidade e inclusão no setor militar, considerando-as reflexo de uma liderança “efeminada” e parte de uma agenda “woke”. Ele sugeriu que demitiria o general CQ Brown e outros líderes militares associados a essas políticas.

Histórico de políticas para militares trans

A questão da presença de militares transgênero nas forças armadas tem oscilado conforme a mudança de governos. Em 2016, durante o governo de Barack Obama, uma política pioneira permitiu que pessoas trans servirem abertamente em seu gênero autoidentificado. Contudo, em 2017, Trump revogou a medida, justificando a decisão com preocupações sobre custos médicos, como cirurgias de redesignação de gênero.

Quatro anos depois, Joe Biden anulou a proibição de Trump, garantindo o direito de pessoas trans se alistarem e servirem sem restrições relacionadas à identidade de gênero. Agora, Trump parece disposto a reverter novamente a política, marcando mais um capítulo do embate ideológico sobre inclusão e diversidade nas forças armadas.

Impacto e críticas

Grupos de defesa de direitos LGBTQ+ e veteranos transgênero condenaram as declarações e possíveis medidas de Trump, argumentando que elas colocam em risco a coesão das tropas e excluem indivíduos qualificados dispostos a servir o país. Especialistas também alertam que o vaivém de políticas prejudica a estabilidade e a confiança nas instituições militares.

Se confirmada, a medida sinalizará mais uma guinada conservadora no governo Trump, alinhada à promessa de desfazer iniciativas consideradas por ele como “radicais” ou “progressistas”. A proposta, entretanto, deve encontrar forte oposição tanto no Congresso quanto na sociedade civil, prolongando o debate sobre os direitos dos militares transgênero nos Estados Unidos.

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