O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou o desejo de que os iPhones passem a ser fabricados em solo americano, como parte de seu esforço para fortalecer a indústria nacional. No entanto, analistas alertam que essa mudança elevaria drasticamente o custo do aparelho, tornando-o até três vezes mais caro para os consumidores.

Segundo Dan Ives, analista da Wedbush Securities, um iPhone que hoje custa US$ 1.000, produzido na China, poderia ultrapassar US$ 3.000 se fosse fabricado nos EUA. A principal razão está nos custos trabalhistas mais altos e nas dificuldades logísticas para transferir a complexa cadeia de produção da China para os Estados Unidos.

O alerta surge em meio à escalada da guerra comercial entre EUA e China. Na quinta-feira (10), Trump impôs uma tarifa de 145% sobre produtos chineses. Em resposta, a China elevou suas tarifas para 125% sobre produtos americanos no dia seguinte.

Apesar do desejo da Casa Branca, especialistas consideram improvável que a produção de iPhones seja transferida em curto prazo. Relatório do Bank of America indica que apenas os custos com mão de obra americana aumentariam em 25% os gastos de fabricação, e que o preço final do aparelho subiria cerca de 90%. Além disso, a Apple teria que continuar importando componentes da China por um bom tempo.

A complexidade da cadeia de suprimentos asiática da Apple, construída desde os anos 1990, torna a mudança ainda mais difícil. Ives estima que transferir apenas 10% da produção levaria três anos e custaria US$ 30 bilhões, gerando grandes interrupções.

Embora a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, tenha citado o plano da Apple de investir US$ 500 bilhões nos EUA até 2028 como um sinal de que a mudança pode ocorrer, esse investimento tem outro foco. O plano inclui a construção de um data center no Texas voltado ao desenvolvimento de inteligência artificial, e não contempla a fabricação de iPhones no país.

Ainda assim, o governo Trump segue otimista. O secretário de Comércio, Howard Lutnick, afirmou que a produção do iPhone nos EUA é uma meta possível: “O exército de milhões e milhões de seres humanos rosqueando pequenos parafusos para fabricar iPhones, esse tipo de coisa, vai chegar aos EUA”, disse à CBS News.

Apesar do entusiasmo do governo, analistas concordam que, por enquanto, a ideia de um iPhone 100% americano permanece economicamente inviável.