A vacinação infantil no Brasil alcançou um avanço significativo em 2024, com destaque para três vacinas que já superaram as metas de cobertura estabelecidas pelo Ministério da Saúde. O crescimento da cobertura vacinal nas últimas semanas é um reflexo do empenho do Sistema Único de Saúde (SUS) e do aumento da conscientização sobre a importância da imunização. Até 30 de novembro deste ano, as vacinas BCG (contra tuberculose), a primeira dose da tríplice viral (que previne sarampo, caxumba e rubéola) e o reforço da poliomielite (gota da pólio) já ultrapassaram as metas estipuladas para 2024.
Resultados Positivos
A vacina BCG, que protege contra a tuberculose, alcançou uma cobertura de 91,73%, superando a meta de 90%. A primeira dose da tríplice viral, que protege contra três doenças altamente contagiosas, registrou uma cobertura de 95,69%, ultrapassando a meta de 95%. Já o reforço da poliomielite, imunizante crucial na luta contra a paralisia infantil, chegou a 95,58%, também superando a meta de 95%.
Esses números representam um avanço importante em relação aos últimos anos, em que a cobertura vacinal vinha enfrentando uma queda preocupante, impulsionada por diversos fatores, incluindo a pandemia de Covid-19. Segundo o Ministério da Saúde, 12 das 16 vacinas infantis analisadas em 2024 já superaram a cobertura registrada no ano anterior, com uma média de crescimento de 17 pontos percentuais em relação a 2022.
Avanço Histórico e Reconhecimento
Em entrevista, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, comemorou os resultados e destacou o impacto positivo das políticas de vacinação. “Estamos felizes não apenas pelo crescimento de 15 das 16 vacinas infantis, como também por já termos superado as metas em três delas: na BCG, no reforço da pólio e na primeira dose de tríplice viral”, afirmou.
O Brasil não atingia as metas de cobertura de vacinas como a da poliomielite e a tríplice viral desde 2015, quando começou a registrar uma queda na procura por imunizantes. Para Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o crescimento recente é resultado de um esforço coletivo para reverter a queda na adesão à vacinação, que se acentuou após a pandemia. “Estamos quase 10 anos com metas abaixo do ideal. Interrompemos a queda em 2022, crescemos em 2023 e seguimos crescendo em 2024”, comentou.
O Desafio de Manter as Doenças Erradicadas
Celso Granato, infectologista e diretor clínico do Grupo Fleury, lembra que a percepção de que doenças como a poliomielite e o sarampo estão erradicadas no Brasil pode ter contribuído para a redução da busca por vacinas. “A eficiência das campanhas no passado fez com que muitas pessoas acreditassem que essas doenças estavam extintas. Mas não podemos baixar a guarda”, alertou Granato.
A médica infectologista Rosana Richtmann, do Instituto Emílio Ribas, enfatiza a importância da manutenção de altas coberturas vacinais para evitar o retorno dessas doenças. “O Brasil já eliminou a poliomielite e o sarampo, e é essencial que continuemos com as altas taxas de vacinação para garantir que essas doenças não voltem a circular no país”, afirmou.
Mudanças no Esquema de Vacinação contra a Pólio e Eliminação do Sarampo
Outro marco importante ocorreu em novembro, quando o Brasil interrompeu o uso da vacina oral contra a poliomielite (VOP), substituindo-a pela versão injetável (VIP), conforme orientação da Organização Mundial da Saúde (OMS). A decisão faz parte de um esforço global para aprimorar a vacinação contra a paralisia infantil.
Em relação ao sarampo, o Brasil também celebrou a recente recertificação como país livre da doença, após cinco anos de surtos. Desde junho, o país não registra casos autóctones de sarampo, com todos os casos confirmados sendo de pessoas que viajaram para o exterior. A recertificação é um reconhecimento dos avanços no programa de vacinação e na vigilância epidemiológica.
O Caminho à Frente
O sucesso da vacinação infantil no Brasil em 2024 é um sinal de recuperação e esperança para o sistema de saúde pública. Manter altas coberturas vacinais é fundamental para garantir que o país continue livre de doenças graves e contagiosas. O fortalecimento das campanhas de imunização e o engajamento das famílias serão essenciais para manter o progresso alcançado e proteger as futuras gerações.
Com a conclusão de 2024 se aproximando, o país segue firme no caminho da erradicação de doenças e da construção de uma sociedade mais saudável e imunizada.