Vitória de Trump Ameaça Esforços Climáticos e Acordo de Paris, Alertam Especialistas

A eleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira (6) reacende preocupações sobre o compromisso dos EUA com a agenda climática global. Conhecido por suas políticas favoráveis ao setor de combustíveis fósseis e pela rejeição de restrições ambientais, Trump promete adotar uma postura rígida contra regulações climáticas, o que, segundo ambientalistas, coloca em risco os esforços globais para mitigar a crise climática.

Histórico Ambiental e Retrocessos na Primeira Gestão

Durante seu primeiro mandato (2017-2021), Trump revogou mais de 100 normas ambientais, impactando diretamente as emissões de gases de efeito estufa, um dos principais causadores do aquecimento global. Em 2017, ele retirou os EUA do Acordo de Paris, pacto climático global que visa limitar o aumento da temperatura global para abaixo de 2°C até o final do século, com esforços adicionais para alcançar o limite de 1,5°C. O país só retornou ao acordo em 2021, sob a administração Biden.

A flexibilização de políticas ambientais continuou com a redução das metas de economia de combustível para veículos, estabelecidas na gestão Obama, de 22 km/l para 14,5 km/l. Essa mudança provocou conflitos com estados como a Califórnia, que mantêm normas mais rigorosas de emissões. Além disso, Trump autorizou a extração de madeira em parques nacionais e reduziu significativamente as ações criminais da Agência de Proteção Ambiental (EPA) contra empresas que violaram leis ambientais.

Segundo Carlos Nobre, pesquisador do Instituto de Estudos Avançados da USP, o impacto dessas ações foi evidente: enquanto as emissões de gases de efeito estufa estavam em queda no governo Obama, cresceram durante os anos de Trump.

Preocupações para o Futuro

Com o retorno de Trump ao poder, especialistas preveem retrocessos significativos na agenda climática. Em sua plataforma, Trump já manifestou intenção de retirar novamente os EUA do Acordo de Paris e de revogar políticas que incentivam a transição para veículos elétricos, priorizando a produção de combustíveis fósseis. Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, alerta que a postura de Trump é um “acelerador de emissões” e que sua administração poderá até mesmo destinar recursos internacionais para apoiar movimentos de negação da mudança climática.

Adriana Ramos, pesquisadora do Instituto Socioambiental (ISA), compartilha da mesma preocupação e vê a eleição de Trump como um atraso de quatro anos em um momento crítico para o enfrentamento da emergência climática. “Um país como os Estados Unidos, presidido por um negacionista climático, coloca em risco todos os esforços para conter a crise climática global”, afirma.

Efeitos para o Brasil: Fundo Amazônia e COP em Belém

A eleição de Trump também poderá ter implicações diretas para o Brasil. Os EUA prometeram destinar US$ 500 milhões ao Fundo Amazônia, mas apenas uma pequena parcela foi enviada até agora. Com Trump na presidência, há receio de que essa promessa não seja cumprida, dificultando projetos de preservação e monitoramento ambiental na Amazônia.

A COP30, marcada para 2025 em Belém, também pode ser impactada. A ausência de um compromisso sólido dos EUA pode reduzir o alcance das negociações, já que o país é fundamental nas discussões sobre financiamento climático e redução de emissões. “Os EUA fazem um checklist completo em todos os itens quando falamos em transição para fora do uso de combustíveis fósseis. São os que mais poluíram, os que têm mais recursos e os que mais exploram combustíveis fósseis. São essenciais para a agenda climática”, conclui Astrini.

Consequências Globais: Impacto no Acordo de Paris e Financiamento Climático

A vitória de Trump representa um revés global, afetando não apenas o cumprimento das metas climáticas dos EUA, mas também o suporte financeiro para países em desenvolvimento que buscam cumprir suas próprias metas de redução de emissões (NDCs). A ausência dos EUA no Acordo de Paris e em outros fóruns climáticos pode comprometer o financiamento e enfraquecer a luta contra o aquecimento global.

Com o retorno de Trump, as metas climáticas e o futuro dos acordos internacionais enfrentam um momento decisivo, em um cenário que exige ação urgente para limitar o aquecimento global e proteger o planeta.

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