Zambelli diz que se apresentará à Justiça italiana e critica decisões de Moraes: “Fui condenada sem provas”

Deputada licenciada afirma temer extradição, mas confia que “Deus não deixará isso acontecer”; Moraes deve expedir mandado de prisão definitiva na segunda-feira (9)

A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) afirmou nesta sexta-feira (6), em entrevista à CNN, que pretende se apresentar voluntariamente às autoridades italianas. A parlamentar, que está na Itália desde que deixou os Estados Unidos, diz estar agindo de “boa-fé” e denuncia ser vítima de uma perseguição política no Brasil.

“Vou declarar os meus dados para pegar os documentos. Estou aqui de boa-fé. Estou aqui por conta de uma perseguição política. Vou provar isso. Fui condenada sem provas”, disse Zambelli, ao comentar a condenação de dez anos de prisão imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) pelo caso de invasão aos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Zambelli também criticou o ministro Alexandre de Moraes, relator de seus processos no STF. “Respeito as leis brasileiras, mas não respeitarei mais a injustiça do Moraes”, afirmou. Segundo ela, há irregularidades em outra condenação, de cinco anos, referente ao episódio em que foi flagrada com arma de fogo nas ruas de São Paulo, em 2022. “Eles me condenaram por porte ilegal, sendo que eu tinha porte legal”, alegou.

A deputada admitiu temer uma eventual extradição para o Brasil, mas declarou confiar na Justiça italiana e em sua fé: “Temo, porque respeito a Justiça italiana. Mas creio em Deus que não deixará isso acontecer”.

Zambelli busca asilo político na Itália e diz que não reconhece legitimidade nas decisões de Moraes, mas pretende cumprir os trâmites legais no país europeu. “Quero demonstrar boa-fé para com a Justiça e o governo italiano. Fazer tudo certo”, afirmou.

Na próxima segunda-feira (9), o ministro Moraes deve expedir o mandado de prisão definitiva de Zambelli, o que poderá dar início ao processo de extradição. Com a prisão em território italiano e eventual retorno ao Brasil, a parlamentar deverá começar o cumprimento da pena de dez anos de reclusão. Além disso, sua perda de mandato será formalizada após o trânsito em julgado da decisão.

Todos os ministros da Primeira Turma do STF votaram nesta sexta-feira pela rejeição de um recurso apresentado pela defesa de Zambelli contra sua condenação. O hacker Walter Delgatti, que atuou em conjunto com a deputada no ataque aos sistemas do CNJ, também foi condenado a oito anos de prisão. Ambos deverão pagar, solidariamente, uma indenização de R$ 2 milhões.

Caso da arma

O episódio citado por Zambelli em sua crítica ao STF ocorreu na véspera do segundo turno das eleições de 2022, quando a deputada foi flagrada perseguindo um homem com uma arma nas mãos, no bairro dos Jardins, em São Paulo. Na ocasião, havia uma determinação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibindo o porte de armas por caçadores, atiradores e colecionadores (CACs) nas 24 horas antes e depois da votação. A própria deputada admitiu, em entrevista, que “ignorou conscientemente” a norma.

O caso foi encaminhado ao STF, que formou maioria para condená-la por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com uso de arma. No entanto, o julgamento foi interrompido após pedido de vista do ministro Nunes Marques.

Na quarta-feira (4), Moraes determinou a prisão preventiva de Zambelli, atendendo a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), após declarações da parlamentar sobre sua fuga para os EUA e sua intenção de se estabelecer na Itália.

O destino da deputada agora depende da atuação das autoridades italianas e do processo de extradição solicitado pelo Brasil.

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