Zelensky insinua viés pró-Rússia nos EUA; Trump responde com críticas ao presidente ucraniano

As tensões diplomáticas entre Estados Unidos e Ucrânia ganharam novo capítulo nesta segunda-feira (14), após o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, insinuar que há uma predominância da “narrativa russa” dentro do governo norte-americano. A declaração foi dada em entrevista ao programa “60 Minutes”, da rede CBS, e provocou uma dura resposta do presidente dos EUA, Donald Trump.

Zelensky afirmou que a influência da política de informação russa está crescendo nos Estados Unidos e sugeriu que o vice-presidente americano, JD Vance, estaria se aproximando das ideias do presidente russo, Vladimir Putin. “Parece que o vice-presidente está, de certa forma, justificando as ações de Putin”, disse o líder ucraniano, sem citar diretamente a posição dos EUA nas negociações bilaterais com a Rússia que excluíram Kiev.

Em reação, Donald Trump usou sua rede social para atacar Zelensky. “O presidente Zelensky e o Joe (Biden) torto fizeram um péssimo trabalho ao permitir que esse absurdo começasse. Havia tantas formas de evitar essa guerra. Mas isso foi no passado”, afirmou o presidente norte-americano. Trump ainda acusou o governo ucraniano de falhar em prevenir o conflito com a Rússia e se apresentou como o único capaz de pôr fim ao confronto: “Agora, temos que fazer isso parar, e rápido. Tão triste”.

Trump também voltou a afirmar que, durante seu primeiro mandato, conseguiu manter a paz entre Rússia e Ucrânia, alegando que era respeitado por Putin. Ele repetiu ainda sua alegação infundada de que a eleição de 2020, que o derrotou, foi “manipulada” e que, se tivesse permanecido no cargo, a guerra jamais teria ocorrido.

As relações entre os dois líderes já estavam estremecidas desde que os EUA iniciaram negociações diretas com a Rússia em busca de um cessar-fogo, sem consultar previamente o governo ucraniano. A tensão aumentou após uma visita conturbada de Zelensky à Casa Branca, marcada por um bate-boca com Trump e o encerramento antecipado da reunião.

A troca de acusações ocorre num momento delicado da guerra, com a Ucrânia enfrentando escassez de recursos militares e crescente pressão internacional por uma solução diplomática. Ao mesmo tempo, o debate interno nos EUA sobre o apoio à Ucrânia tem se intensificado, especialmente entre setores republicanos mais alinhados ao discurso de Trump, que se mostram céticos quanto à continuidade da ajuda militar a Kiev.

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